Conhecida há dois meses pela maior parte dos gremistas, mas planejada há mais de um ano, a proposta que pretende manter parte do estádio Olímpico de pé quer encontrar um protagonista. Os idealizadores do projeto buscam essa pessoa, física ou jurídica, que conduziria uma solução ampla para o impasse que toma conta do velho casarão e da nova moradia do Tricolor: a Arena.
— Quem será o líder que vai nos conduzir nessa jornada? — o questionamento é do empresário Remi Acordi, um dos pensadores da nova ideia.
Com o arquiteto José de Barros Lima, Acordi montou uma proposta que pretende aproveitar melhor a área do estádio Olímpico. O anel inferior da antiga casa gremista seria preservado, assim como parte do andar superior, junto do campo que recebia jogos.
Segundo Lima, o projeto já foi apresentado para a prefeitura de Porto Alegre, para a empresa Karagounis - dona do terreno da Arena -, e para a Reag - que gere a SDG II Fundo de Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados, que comprou parte da dívida pela construção do novo estádio. Ele relata que todos demonstraram interesse em encontrar uma solução.
— A ideia não é explorar comercialmente. É ter dinheiro para pagar todo mundo — projeta Lima.
O mesmo respaldo não foi obtido junto à direção atual do Grêmio. Segundo Lima e Remi, o presidente Alberto Guerra não demonstrou interesse.
O projeto da Karagounis e da OAS 26 pretende transformar a área do Olímpico em cinco loteamentos. A construção ocorreria em 65% do terreno. A área restante ficaria sob responsabilidade da prefeitura, em urbanização de novas vias e duas praças.
Na nova proposta, até 14 imóveis de 20 andares seriam construídos ao longo de uma década no entorno do Olímpico. A área construída aumentaria, mesmo com a manutenção do campo e parte do estádio - que poderá ser considerado um imóvel do Patrimônio Histórico. Essa mudança traria maior remuneração ao empreendimento.
— Se valorizarmos melhor a área, tudo se paga. Estamos oferendo uma possibilidade para que todos saiam melhor do que estão — avalia Remi.
A direção do Grêmio diz estudar alternativas que deem segurança em relação à área da Arena. Porém, esse projeto apresentado trata de dar um aproveitamento para o terreno do Olímpico.
Já a Karagounis confirma que ouviu a nova proposta, mas informa que a empresa segue desenvolvendo o seu projeto original - com cinco loteamentos. Quando ocorrer a troca de chaves, a Karagounis deverá encaminhar a documentação solicitando à prefeitura o fracionamento da área.
Olímpico atual
Atualmente, o terreno do Olímpico é de propriedade do Grêmio. Porém, há um contrato onde o clube gaúcho se compromete a entregar a área para a Karagounis e para a OAS 26 quando houver a troca de chaves do Olímpico e Arena.
Novo Olímpico
A ideia nasceu com o slogan "A arena é nossa e o Olímpico também". Porém, o nome do projeto foi alterado para "A arena é nossa e o Olímpico de todos".
O espaço do gramado, com as goleiras, receberia grama sintética, se tornando um palco multiuso, que poderá receber shows e eventos. Todos os eventos que hoje ocorrem na Arena, por exemplo, poderiam ser feitos no novo complexo do Olímpico, que ganharia até uma cobertura retrátil.
A empresa Reag, que demonstrou ter interesse em assumir a gestão da Arena, poderia ser a responsável pelo essa área. O espaço é projetado para receber um público de até 20 mil pessoas.
Na arquibancada preservada, o espaço seria usado de forma a receber atividades de cultura, saúde e educação, geridas pela prefeitura. Além disso, os três arcos do pórtico do Largo dos Campeões também seriam mantidos.
No local, ainda estão previstos um hipermercado, um museu do Grêmio e uma loja do clube. Até um hospital geriátrico e uma faculdade de medicina, com foco em pacientes da terceira idade, foram projetados para a região.
— (Na enchente), um terreno ficou embaixo d’água (a Arena). O outro (Olímpico) serviu de ponto de apoio. É claro que o Olímpico vale mais — especula Remi.
Imbróglio
Mesmo buscando construir uma proposta de consenso, a ideia precisará tramitar na Justiça. A OAS 26 é uma empresa do grupo Coesa, que comprou a parte imobiliária da OAS, e que está em recuperação judicial.