Com 63 metros de comprimento e 4,6 metros de calado, o navio de apoio oceânico Mearim é uma estrutura que impõe respeito. Ele tem o tamanho de um prédio de cinco andares.
Do píer do Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Sul, em Rio Grande, ele aguarda sua missão. Com uma tripulação de 41 pessoas, a embarcação da Marinha tem auxiliado na busca de doações trazidas do Porto de Itajaí, em Santa Catarina.
Na sua primeira viagem vieram 95 toneladas. E isso que não houve uma grande divulgação local de apoio ao Rio Grande do Sul.
Agora, com uma segunda missão em execução, com a mobilização das cidades catarinenses, estima-se que o Mearim trará mais de cem toneladas para os desabrigados. A embarcação partiu na manhã de terça-feira (21).
Pelos Molhes da Barra, na região das famosas Vagonetas, a Lagoa dos Patos mostrava a sua força. A água descia com velocidade em direção ao mar, o que é um bom sinal para o escoamento das águas do Delta do Jacuí.
— A diferença de coloração da água próxima à boca da Barra está realmente impressionante, o que comprova que há uma vazante muito grande e que a água da lagoa está realmente escoando para o oceano — relata o capitão de corveta Jones Antunes de Lima, comandante da embarcação.
Capacidade
O navio tem capacidade para ficar até dois meses em alto mar. O veículo pode armazenar até 995 mil litros de água potável em seus compartimentos, que pode ser usada pela própria tripulação ou pode ser cedida a uma embarcação. Só em combustível são outros 660 mil litros.
Do alto do passadiço, ou do compartimento de comando do navio, se tem a visão panorâmica da embarcação. O comandante tem a sua disposição a central de comando. Por ser um rebocador, há um timão extra, para conduzir o navio pela parte de trás da torre de comando.
O veículo também pode socorrer uma embarcação que estiver pegando fogo. Um encanamento capta água do mar e projeta a até cem metros de distância. A quantidade equivalente a 1,2 mil caixas d’água é jorrada por hora para auxiliar no combate a um incêndio.
O navio foi adquirido em 2018 pela Marinha e custou aproximadamente R$ 30 milhões. Outros dos veículos semelhantes atuam no Rio de Janeiro e em Belém, no Pará.
Termos curiosos
Nas conversas do passadiço é comum ouvir os tripulantes traçarem a "derrota da missão". Não. Eles não estão marchando para uma tarefa impossível de ser conquistada. Derrota vem do francês “déroute”, que significa a rota. Na navegação seu significado é de percurso. A derrota é o caminho que o navio vai percorrer.
Os tripulantes do navio não chamam âncora de âncora. Eles a chamam de ferro. O ferro do navio.
Você também não vai ouvi-los tecer comentários sobre “as” hélices que impulsionam o navio. Os tripulantes denominam o equipamento com o substantivo masculino: “o” hélice.