O Arroio Dilúvio está presente na vida do porto-alegrense. Ele passa por 10 bairros da cidade somente no trecho da Avenida Ipiranga. Segundo dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), mais de 28 mil veículos passaram diariamente pela via em 2020.
Ele nasce na zona leste de Porto Alegre, na Represa da Lomba do Sabão, região do Parque Saint-Hilaire. A represa já foi própria para banho e, até 2013, abastecia 20 mil moradores da Lomba do Pinheiro.
Ao deixar o Parque Saint-Hilaire, o arroio desce a encosta da Lomba do Sabão, cruza a Avenida Bento Gonçalves, na altura da Rua João Antonio Lopes, passa pelo Campus do Vale da UFRGS onde corre paralelo a um trecho de pista simples da Avenida Ipiranga. Somente a partir da Avenida Antônio de Carvalho é que o arroio transforma-se em um curso d´água urbanizado que corre até a sua foz, na região da Avenida Edvaldo Pereira Paiva.
O traçado original do arroio é diferente do que ele tem hoje. Foi essa mudança de curso que permitiu a origem atual da Avenida Ipiranga, ao longo de 12 quilômetros. A obra, que mudou o seu traçado, iniciou-se em 1940 e demorou mais de 20 anos para ser concluída.
Há outros arroios que desaguam no Dilúvio ao longo da Avenida Ipiranga. Igualmente, eles têm nascentes poluídas e impactadas por moradias irregulares, descarte de lixo, presença de animais e contaminação por chorume.
Um dos grandes pontos de despejo de esgoto cloacal do Dilúvio ocorre perto da Avenida Erico Verissimo. É comum, nesta região, sentir um cheiro mais desagradável do que em outros trechos.
É comum chamar de talude a parte de concreto do arroio. Na verdade, talude é toda a área de descida da estrutura. A parte gramada e a parte concretada formam o talude, que significa terreno em declive. A parte concretada é chamada de muro.
Em alguns pontos do Dilúvio, é possível serem identificados alguns degraus separando os dois lados da avenida Ipiranga. Eles foram construídos para diminuir a velocidade da água do arroio. Por ter um solo arenoso, ele pode sofrer erosão mais facilmente. Degraus parcialmente quebrados trazem até mais risco de degradação.
Boas para segurar encostas de rios, árvores de grande porte podem ser um problema e causar desmoronamentos. Por causa de podas mal feitas, raízes podem secar, deixando o espaço para a água ocupar, podendo ocasionar deslocamentos de terra. Isso não significa que vegetação não seja importante para o arroio. Ela é útil, desde que não sobrecarregue a estrutura dos taludes.
Por ano, o trecho do Dilúvio na avenida recebe aproximadamente 50 mil metros cúbicos de terra e lixo. Esse montante equivale a 10 mil caminhões-caçamba cheios.
Desde o ano passado, um consórcio de empresas realiza estudos prevendo a despoluição do arroio. A prefeitura está investindo R$ 4,49 milhões no projeto, que deverá ser finalizado no começo de 2025.