Três anos depois de ter sido iniciado, o estudo que pretende repassar a Trensurb para a iniciativa privada vai precisar de mais tempo para ser finalizado. Pela previsão inicial, o levantamento que vai embasar o edital de concessão precisaria ser entregue ao governo federal neste mês.
O contrato assinado entre a Ernst & Young e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi ampliado por mais quatro meses. Agora, o objetivo é finalizar os trabalhos em julho.
A empresa está fazendo a avaliação econômico-financeira da privatização. Os valores do contrato também foram alterados. Antes, a ideia era investir até R$ 200 mil. Agora, serão gastos R$ 244,65 mil.
Já o consórcio de quatro empresas, liderado pela BF Capital, realiza o mesmo estudo e também levantamentos "jurídicos, contábeis, técnico-operacionais e outros serviços profissionais especializados".
Após a conclusão deste levantamento, um estudo de viabilidade e uma consulta pública serão realizados. Em 2019, o governo federal anunciou que pretendia realizar o leilão até junho de 2021.
Algumas informações sobre os estudos já foram obtidas pela coluna. O levantamento irá prever concessão com prazo entre 30 e 35 anos. O leilão não deverá propor expansão de linha.
A União precisará continuar realizando aportes para manter a tarifa reduzida. Hoje, o valor arrecadado com a passagem cobre 60% dos custos da Trensurb. O foco da concessão deverá ser a qualificação do serviço, com a aquisição de novos veículos e melhoria da sinalização viária.
Apesar do investimento ser imediato, a aquisição de novos trens deve ocorrer no prazo entre três e cinco anos do início da concessão. Sobre a melhoria da sinalização viária, a medida trará um diminuição no espaçamento entre os trens. Hoje, fora da tabela de verão, o espaçamento entre os trens chega a três minutos.
Governo gaúcho de olho
A Trensurb é uma empresa pública vinculada ao governo federal. Seus acionistas são a União (99,8812%), o Estado do Rio Grande do Sul (0,0919%) e o município de Porto Alegre (0,0269%).
De acordo com o secretário estadual de Parcerias e Concessões, Pedro Capeluppi, a Trensurb não foi retirada do plano de desestatização
- Existe um indicativo do governo federal que tem a intenção de continuar o projeto. A gente também tem a intenção de continuar o projeto - destaca Capeluppi.
O secretário destaca que o Metrô é muito antigo e precisa de readequação. Porém, os estudos sobre número de usuários foram feitos depois da onda mais agressiva da pandemia de coronavírus. Dessa forma, o material precisa ser refeito.
Aumento de 2022 adiado
Depois de ficar dez anos sem aumento, a tarifa sofreu um reajuste de 164% entre 2018 e 2021. De 2008 a 2017, o bilhete custava R$ 1,70. Em janeiro de 2018, o valor subiu para R$ 3,30. Em março de 2019, a passagem aumentou para R$ 4,20. E em setembro de 2021, a tarifa passou para R$ 4,50. O aumento de 2022 foi adiado e ainda não entrou em vigor.
A Trensurb oferece 43 quilômetros de ligação entre cinco municípios, além da capital gaúcha. A empresa administra 40 trens, sendo 25 deles comprados no Japão em 1984 e em operação até hoje. São veículos que passam por revisões constantes, mas não são dotados de ar condicionado, por exemplo, e que precisarão ser trocados.
Outros 15 trens foram comprados em 2012 e entregues em 2015. Porém, eles apresentaram defeitos de fabricação. Somente em 2019 foi possível usar todos os novos veículos.