Quem passa pela RS-040 deve estar percebendo a presença de passarelas de cordas atravessando a rodovia. As primeiras estruturas previstas já foram instaladas na rodovia, no trecho de Viamão.
Estes pontos de travessia têm por objetivo facilitar o deslocamento seguro de animais adaptados a viver em árvores. Os locais foram escolhidos por serem áreas com maior registro de fatalidade de animais, por terem boa cobertura florestal às margens da estrada e a partir do relato de comunidades que identificam a presença de animais no entorno.
Ameaçado de extinção, o bugio-ruivo deve ser o principal beneficiado. Vítima de atropelamentos, choques elétricos e ataques de cães, os macacos não precisarão mais descer das copas das árvores para buscar o lado oposto da rodovia. Outras espécies que passam a maior parte do tempo ou todo ele em árvores, como ouriços, gambás, roedores e marsupiais de pequeno porte também podem ser beneficiados.
As nove passarelas estão localizadas nos quilômetros 21, 39 e 42, em Viamão. Ao todo serão 21 pontos de travessia, em três regiões: entre o km 13 e o km 16 da rodovia, no km 21 e, por fim, entre o km 39 e o km 42.
O Grupo Eco & Eco foi contratado pela Empresa Gaúcha de Rodovias para fazer a instalação das passarelas. Serão investidos R$ 417 mil.
Depois da RS-040, a RS-235 e RS-453 também ganharão as mesmas estruturas. Após concluída a fase de revisões do projeto, licitações serão realizadas para contratar quem irá instalar as passarelas.
Importância do bugio
O bugio é considerado uma espécie de termômetro sobre a existência do vírus da febre amarela em circulação em determinadas regiões. Isso ocorre porque eles costumam ser as primeiras vítimas quando o vírus está presente.
Ações semelhantes
De acordo com a equipe do Núcleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Nerf), que atua em conjunto com a STE - Serviços Técnicos de Engenharia na execução do Programa de Proteção e Monitoramento de Fauna da EGR, há experiências de sucesso com a utilização do mesmo tipo de estrutura em outros locais do Estado, até mesmo em áreas mais urbanizadas, como é o caso das pontes de corda instaladas no bairro Lami, em Porto Alegre.
Como se trata de uma nova implantação, a utilização das estruturas pelos animais não é imediata, há uma fase de reconhecimento e adaptação pela fauna. Todo o processo continuará sendo acompanhado pela equipe especializada e servirá como base para a atualização dos dados e estudos.
A execução das medidas é definida em planos, projetos e programas atendendo às licenças e legislação ambiental. Além disso, a medida acata determinações de Ação Civil Pública, ajuizada pelo Ministério Público Estadual em maio de 2017, com objetivo de prevenir e reduzir o atropelamentos de animais nas rodovias sob administração da EGR.
Na Rota do Sol, uma ação parecida foi executada pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). Cinco travessias aéreas, mas com estruturas metálicas, foram construídas para anfíbios. A área, junto à Reserva Biológica Mata Paludosa, em Itati, é habitat de espécies em risco de extinção, algumas existentes apenas na região.