A Justiça atualizou a situação envolvendo os dois ex-integrantes da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) que foram detidos na semana passada por conta de uma operação que investiga suposto esquema de desvio de dinheiro. O processo está sob sigilo judicial.
Após um pedido feito pela Polícia Civil, a juíza Eda Salete Zanatta de Miranda, da 9ª Vara Criminal de Porto Alegre autorizou a manutenção da prisão do ex-diretor presidente da Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR). A detenção temporária de Marcelo Gazen, válida por cinco dias, foi transformada em preventiva - sem prazo definido para soltura.
O advogado Rafael Ariza, que defende Gazen, reclama que ainda não teve acesso à decisão judicial que determinou a prisão. Ele ingressou com pedido de soltura do seu cliente na quarta-feira (22) e aguarda apreciação da liminar. O ex-diretor presidente da EGR foi ouvido na quinta-feira passada (16), em um longo depoimento.
Com relação ao segundo detido, a magistrada confirma que Cléber Palma Domingues - o ex-supervisor da autarquia - foi solto na sexta-feira (17). Segundo Eda, não se fazia "mais necessária a prisão temporária decretada em seu desfavor."
A operação Nossa Praça completou uma semana na terça-feira (21). Por causa do segredo de Justiça, a Polícia Civil não dá detalhes da investigação.
De acordo com o Ministério Público, a investigação teve início a partir da informação de que Gazen - que dirigiu a EGR entre abril de 2021 e janeiro deste ano - teria determinado a suspensão e, posteriormente, a revogação de uma licitação em andamento para contratar empresas para a execução de serviços de operação e arrecadação junto às 12 praças de pedágio da autarquia. A partir dessa decisão, foram mantidos os contratos que haviam sido assinados em 2019 — apesar dos indícios de fraude, direcionamento, sobrepreço e formação de cartel no procedimento anterior.
Ainda conforme o apurado, o edital teve andamento regular até a determinação da suspensão, ocorrida em 20 de abril de 2021, apenas quatro dias após a chegada do novo diretor-presidente da EGR. Segundo a Polícia Civil, são averiguados favorecimentos à empresas envolvendo as praças de pedágio. Para elas, contratadas para fins de arrecadação de pedágios nas estradas estaduais, teriam sido pagos desde o ano de 2019 a importância de cerca de R$ 89 milhões - ao menos 25% desse valor são suspeitos de serem ilícitos.