Um levantamento realizado pela Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) aponta que um dos motivos para a passagem de ônibus de Porto Alegre ser uma das mais caras do Brasil se deve aos gastos elevados da Carris. Se a empresa pública seguisse o planejamento das demais fornecedoras do serviço na Capital, a avaliação deste estudo - que foi entregue à prefeitura - é que seria possível reduzir em R$ 0,25 o valor da tarifa.
Entre 2020 e 2021, por exemplo, enquanto o custo por quilômetro das empresas privadas foi de R$ 7,13 por quilômetro, o da Carris foi de R$ 8,65. O mesmo ocorreu nos anos anteriores, entre 2017 e 2019. Neste cálculo não estão contabilizados os aportes que a prefeitura vem fazendo na Carris.
O valor da passagem de Porto Alegre segue uma equação matemática. A tarifa é igual ao custo de todas as empresas dividido pelo índice de passageiro por quilômetro. Como a Carris tem um custo maior que as demais, o valor da passagem aumenta como um todo.
A ATP defende que a empresa pública tenha um controle maior dos seus gastos, o que tornaria o sistema mais eficaz. Se não for possível, defende uma licitação para repassar as linhas da empresa pública a partir de disputa com empresas do setor.
A Carris defende que os gastos ocorrem por causa da qualidade dos serviços prestados. Além disso, como a estrutura da empresa é grande, as mudanças precisam ser feitas com muito esforço.
- Ao longo das últimas décadas a companhia sempre privilegiou a qualidade dos serviços prestados. E, logicamente, isso tem um custo mais elevado. Modificar uma estrutura que mantém uma frota de mais de 350 ônibus em circulação, exige muito esforço e dedicação dos gestores e colaboradores - diz o presidente da Carris, Maurício Cunha.
A Carris também justifica os gastos a partir da compra de 98 ônibus com ar-condicionado e acessibilidade, em agosto de 2020. Porém, a empresa só vai começar a pagar por eles no ano que vem. Além disso, a Carris ficou cinco anos sem alterar a frota.
- O desafio da nova gestão no comando da empresa é o equilíbrio entre os custos de operação e manutenção, sem perder a qualidade dos serviços prestados à população de Porto Alegre, desde a criação da Carris há 149 anos -, destaca Cunha.
Na semana passada, o prefeito Sebastião Melo, determinou a criação de uma comissão para discutir alternativas para o setor. E, na quarta-feira (24), Melo falou que pretende privatizar a Carris.
Além disso, as empresas e a prefeitura discutem formas de alterar os contratos e evitar um aumento considerável no valor da passagem. Serão repassados R$ 16 milhões para manter passagem de ônibus em R$ 4,55 de fevereiro a abril.