Na segunda-feira (21), o governo gaúcho fez solenidade para anunciar investimento de R$ 60 milhões em 28 obras. Diga-se de passagem, a notícia é boa. Com o recurso será possível garantir algum tipo de ação na infraestrutura das tão surradas rodovias estaduais.
Mas o leitor precisa ficar atento e não deve esperar um impacto significativo com este anúncio. Em vez de concentrar recursos num grande projeto, a ideia foi fatiar essa verba para atender comunidades de todo o Estado.
Ao analisar as 28 obras, é possível perceber que o governo vai retomar serviços parados, mas - na maior parte - não investirá o suficiente para concluí-los. Em outros casos, está anunciando apenas a realização de estudos e projetos, e não deixa claro se haverá recursos para investir no momento de tirar a melhoria do papel.
Os R$ 60 milhões de investimento são, na verdade, R$ 60 milhões para concluir o que, na maior parte, já havia sido começado, mas não havia fonte de recurso constante para manter ou concluir essas obras.
Dessa forma, o governo indica que não aprendeu com o monstrengo processo que fez com que a duplicação de 21 quilômetros da RS-118 demorasse 14 anos e meio para ser concluída. Essa obra só foi ter recurso específico a partir de junho de 2019 - já na gestão de Eduardo Leite. Por causa desta medida é que, depois de reiniciada, a construção não ter sido parada, mesmo em meio à uma pandemia.
Num cenário ideal, uma obra só deveria começar se tivesse recurso para ser executada do início ao fim. Ao investir um pouco aqui e um pouco ali, as construtoras se programam para executar serviços por alguns meses. Isso faz com que a obra acabe se tornando mais cara, pois as empresas precisam alugar equipamentos e contratar pessoal, que logo ali adiante serão desmobilizados.
Infelizmente, num governo com o caixa raspado, se faz solenidade até para anunciar o que deveria ser uma ação corriqueira de investimentos. E eu ainda questiono se o ideal mesmo é dividir os recursos em várias obras para executar poucos meses de serviços. No meu entendimento, o melhor seria focar em um até sua conclusão e, partir daí, ir zerando essa longa lista.