A prefeitura de Porto Alegre resolveu o problema para evitar ser cobrada sobre o prazo das obras que geralmente são descumpridos. Não, os trabalhos não estão terminando. É a assessoria que não divulga mais a previsão de término dos serviços.
A mudança de postura ocorreu nos últimos dias. Perguntada pela coluna sobre as obras no corredor de ônibus da Avenida Protásio Alves, a assessoria da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Mobilidade Urbana (Smim) informou que os trabalhos estão 80% concluídos e, quando questionada sobre o fim do serviço, complementou: "a prefeitura não irá divulgar prazos".
Estão ocorrendo as instalações de divisores de concreto entre a faixa dos carros e a do transporte público. Falta ainda a colocação das barreiras próximo das estações Israelita, Colégio Americano e Santa Inês.
E não são só as chamadas obras da Copa de 2014 que entraram na revisão de posicionamento. Até a reforma do Terminal Triângulo, na zona norte de Porto Alegre, uma contrapartida do Grupo Zaffari, encorpou a relação da falta de transparência.
O telhado principal já foi todo fechado, mas serviços ainda estão sendo realizados nas paradas laterais. Os trabalhos estão 90% concluídos. Quando questionada sobre o fim da obra, a assessoria da Smim sentencia: "a prefeitura não irá divulgar estimativa de prazo".
A verdade é que os gestores públicos se expõem quando prometem o término de obras. Na maior parte das vezes, os prazos divulgados são otimistas demais, não levam em conta a avaliação técnica e servem mais para um eventual ganho político com um anúncio positivo.
Somente a trincheira da Ceará, por exemplo, sofreu seis adiamentos de prazo durante a gestão de Nelson Marchezan. Parte das vezes, a prorrogação de término dos trabalhos ocorreu porque algo na prefeitura precisava ter andado e não avançou.
Apesar dessa postura pouco republicana, a prefeitura tem que seguir regras de divulgação. Ela até pode não informar para a imprensa quando as obras terminam, mas precisa manter contratos em vigor e os aditivos têm que ser publicados nos canais oficiais. Além disso, os contratos da administração municipal podem e devem passar pela análise do Ministério Público de Contas e o Tribunal de Contas do Estado.