O governo Lula terá um grande desafio para reconstruir o setor cultural. A desidratação orçamentária e os ataques ideológicos promovidos pelo governo anterior tornaram a pasta praticamente obsoleta e inoperante. Em seus discursos de posse, Lula mencionou pelo menos três vezes a palavra “cultura”, o que já de início marca uma posição importante na valorização da cultura e da educação.
Quando Michel Temer chegou à presidência, após um golpe parlamentar, em 2016, uma de suas primeiras ações foi a de fechar o Ministério da Cultura. Entretanto, a ação foi revertida graças ao movimento “OcupaMinc”. No entanto, com a eleição de Bolsonaro, o Ministério foi extinto e virou uma secretaria agregada ao Ministério da Cidadania, até que, por fim, acabou numa secretaria ligada ao Ministério do Turismo.
Depois disso, tivemos um show de horrores: a pasta foi ocupada por Roberto Alvim, que atacou a classe artística e foi exonerado após fazer um discurso com referências nazistas, num simulacro nefasto e fascista. Depois foi a vez da atriz Regina Duarte, que fez uma passagem relâmpago pela secretaria, sem sequer conseguir montar uma equipe de trabalho, até chegarmos ao ator Mario Frias, exibindo armas e atacando o setor cultural alinhando-se a uma pauta ideológica ultradireitista.
Margareth Menezes é um nome forte e representativo para ocupar o Ministério da Cultura. A própria recriação deste Ministério já é motivo para comemorar. No entanto, os desafios são muitos, pois a cultura passou quatro anos sob ataques, além de uma asfixia de investimentos do governo Bolsonaro. A criminalização das políticas culturais e o avanço catastrófico da pandemia no Brasil mostram o quanto será difícil a reconstrução. O Brasil é um país de proporções continentais, portanto é preciso observar as diferenças regionais na implementação de políticas públicas. Somos um país heterogêneo por natureza.
Além disso, é preciso que o fomento à leitura e o acesso aos livros pela população seja retomado. Assim como os investimentos da lei Aldir Blanc e da lei Rouanet, tão criminalizada pelo governo anterior. É preciso também recuperar o investimento no setor audiovisual e na valorização e na manutenção de museus e espaços históricos.
Sem dúvida o governo Bolsonaro foi devastador para área da cultura, portanto os desafios são imensos, mas tenho esperança de que Lula e sua equipe trarão resultados positivos a longo e médio prazo. Pois só o fato de recriar o Ministério da Cultura já coloca no horizonte a importância dessa pasta para um país.
Viva a cultura, viva a educação!