Em vídeo publicado nas redes sociais da Secretaria Especial da Cultura do governo Bolsonaro, o titular da pasta, Roberto Alvim, parafraseia quase linha a linha trechos de um discurso de Joseph Goebbels sobre as artes. O vídeo provocou uma onda de indignação no Brasil nesta sexta-feira.
Joseph Goebbels foi o ministro da propaganda da Alemanha nazista e era o segundo no comando quando Adolf Hitler morreu. Foi peça fundamental da ascensão de Hitler, criando o mito ao redor do Führer (líder) e ajudando a converter massas ao nazismo. Após o suicídio de Hitler, em 30 de abril de 1945, Goebbels o substituiu, mas exerceu o cargo de chanceler da Alemanha por apenas um dia. Em 1º de maio de 1945, em Berlim, ele e sua mulher, Magda Goebbels, envenenaram seus seis filhos e se mataram por não quererem viver em um mundo sem o nazismo.
Filho de uma família muito religiosa, Paul Joseph Goebbels (1897-1945) aderiu ao Partido Nacional-Socialista em 1924. Sob o regime, teve uma ascensão rápida: em 1926, foi líder distrital em Berlim; em 1927, fundou o jornal semanal nazista Der Angriff (O Ataque); e em 1928 assumiu o posto de diretor nacional de propaganda do partido.
A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada
JOSEPH GOEBBELS
Ministro de Cultura e Comunicação de Hitler
Quando Hitler se tornou chanceler da Alemanha, em 1933, Goebbels assumiu o cargo de ministro da propaganda, considerado um posto essencial do governo, já que controlava não apenas a publicidade, mas também toda a produção jornalística do país, na imprensa e no rádio, e também cultural, abrangendo teatro, cinema, literatura, música e artes plásticas. Nesse ano, foi um dos responsáveis pela queima de livros considerados "não alemães" na Casa de Ópera de Berlim.
A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada
ROBERTO ALVIM
Secretário da Cultura do governo Bolsonaro
Durante a Segunda Guerra Mundial, também foi editor do jornal semanal Das Reich, entre 1940 e 1945. Mestre em oratória, seus discursos são reconhecidos como uma ferramenta importante para convencer a população a idolatrar Hitler, combater os ditos inimigos do regime e manter as esperanças de que a Alemanha poderia vencer a guerra. Em seus discursos, os chamados adversários da ordem nazista (judeus, ciganos, comunistas, aliados e outros), quase sempre eram desumanizados em metáforas agressivas, uma técnica que era corrente no alto oficialato alemão e que era usada pelo próprio Hitler em suas falas e em seu livro Mein Kampf (Minha Luta), a "Bíblia" do nazismo.