Ao afirmar que negros são racistas com brancos, o colunista da Folha de S.Paulo, Antônio Risério, requenta uma discussão ultrapassada em busca de uma falsa polêmica.
A comparação feita pelo colunista entre o discurso antirracista e organizações supremacistas, pinçando casos isolados nos Estados Unidos, chega a ser risível, entretanto, embora ridículo e anacrônico, este tipo de argumento pode alimentar o imaginário de quem ainda acredita em racismo reverso.
Estamos em 2022, mas não esqueçamos que o fascismo começa sempre com esse grande riso. Começa com essa graça infinita e que ganha força para logo a seguir angariar adeptos e se transformar numa máquina de aniquilação. Já vimos isso acontecer.
Estamos em 2022 e ainda vemos intelectuais caducos com dificuldades para compreender que a régua para medir a sociedade já não é mais a mesma. A lógica branca e ocidental não é mais única forma de ver o mundo.
Estamos em 2022 e a paranoia delirante dos homens brancos não tem limite. E para que não reste nenhuma dúvida é sempre bom repetir: não existe racismo reverso. Os negros não ocupam posições de poder institucional e social para promover qualquer tipo de preconceito contra brancos. Além disso, historicamente, pessoas brancas nunca foram consideradas inferiores aos negros. Pessoas brancas não sofrem violência da polícia por causa da sua cor, e pessoas brancas não morrem porque são brancas.
Estamos em 2022 e deveríamos estar discutindo sobre o aumento de cotas raciais nas universidades, sobre a violência policial contra população negra, sobre o racismo cotidiano que martiriza a psique de homens e mulheres negras. No entanto, damos sempre um passo atrás nessa discussão, justamente porque as pautas antirracistas incomodam. E é necessário que elas incomodem. As pautas antirracistas geram ansiedade nas pessoas que ainda não compreenderam que democracia e racismo não são compatíveis.