Os russos decidiram não deixar passar em branco o feriado do Dia da Vitória, 9 de maio, que marca a tomada de Berlim e a derrota infligida por eles à Alemanha nazista, na Segunda Guerra Mundial. Já nesta véspera de celebração (8) fizeram seu maior ataque com drones desde que ocuparam parte do território da Ucrânia, há 14 meses.
Conforme o próprio governo ucraniano, os russos lançaram 60 drones "kamikazes" de fabricação iraniana contra alvos na Ucrânia. Trinta e seis deles na capital, Kiev. O bombardeio causou mortes inclusive no porto de Odessa, ao sul, o mais importante dos que ainda estão sob controle ucraniano.
É a segunda semana consecutiva em que os russos castigam com explosivos diversas cidades ucranianas, não se limitando ao front, que fica no leste do país (próximo à fronteira com a Rússia). Nos dois primeiros dias deste mês, uma chuva de mísseis atingiu metrópoles da Ucrânia, como Kherson (sul), Dnipro (leste) e Uman (centro). Nesses casos, os alvos foram prédios ocupados por civis.
Já a frente de batalha mais encarniçada, opondo militares dos dois países em conflito, fica em Bakhmut (na província de Donetsk, no leste). É uma luta que dura desde o ano passado. O local é estratégico, por representar uma cabeça de ponte nas províncias ucranianas que reúnem mais simpatizantes dos russos e que são ambicionadas por serem as mais ricas em minério.
Pois tudo indica que a Rússia assumirá o controle de Bakhmut neste aniversário da vitória contra os nazistas. Seria um presente para o neoczar russo Vladimir Putin, que sempre justificou o uso de suas tropas para invadir a Ucrânia como uma luta contra um governo ucraniano simpático ao neonazismo.
O controle russo sobre Bakhmut esteve a perigo há uma semana, devido a brigas internas. Yevgeny Prigozhin, o senhor da guerra que controla o Grupo Wagner (formado por mercenários a serviço da Rússia), fez filmagens em frente a centenas de cadáveres de combatentes seus. Esbravejando, colocou a culpa das mortes no fato de não receber munição das Forças Armadas russas, que estariam boicotando sua milícia privada. Ele ameaçou entregar a cidade aos ucranianos.
A tática de Prigozhin parece ter funcionado. No fim de semana esse senhor das armas anunciou que o governo russo prometeu munição e apoio logístico generalizado. O destino de Bakhmut parece selado a favor dos russos, que também contam com bombardeio incessante de cidades para minar o ânimo e retardar a contraofensiva de primavera que vem sendo preparada pela Ucrânia.