O ataque a uma creche em Blumenau, que resultou em quatro bebês mortos por um homem, despertou fobia em pais de crianças Brasil afora. A depender do temor deles, haveria pelo menos um PM em frente a cada estabelecimento de ensino. Só que isso é numericamente inviável.
Para ficar no exemplo do Rio Grande do Sul: existem aqui 20 mil escolas (do Ensino Fundamental ao Superior). O efetivo da Brigada Militar é de 17 mil, distribuídos em quatro turnos e ainda com tarefas administrativas a desempenhar. Na prática, o número de policiais nas ruas é muito menor que esse.
Ou seja, mesmo que todos os PMs só guarnecessem escolas para prevenir ameaças terroristas — deixando de lado todo o patrulhamento de ruas e o combate cotidiano aos crimes comuns — ainda faltariam 3 mil policiais para a tarefa.
Superado o cálculo numérico, há mesmo necessidade de guarnecer cada escola? A se julgar pelo potencial das ameaças, não. As polícias Federal, Civil e Militar, assim como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), detectaram menos de cem estudantes do RS com vocabulário extremista disseminado nas redes. Vou repetir: menos de cem, num universo de 20 mil escolas gaúchas.
São, na maioria, valentões de internet, enclausurados na bolha da dark web. É claro que basta um deles deixar de lado a retórica e partir para ações concretas para se concretizar uma tragédia. Mas, que fique certo para os pais, esses pseudo-extremistas são todos monitorados pelas forças de segurança. Na vida concreta e nas redes sociais. Vários deles já foram inclusive presos ou apreendidos (este é o termo usado para menor de idade, quando é detido).
Há também ação física por parte das forças de segurança. O comandante da BM, coronel Cláudio Feoli, diz que após o ataque em Blumenau foram deslocados para vigiar imediações de estabelecimentos de ensino grupos de policiais que costumam atuar no patrulhamento e também em setores especiais, como os batalhões de Choque, Ambiental e o Bope. Eles conversam com funcionários e alunos. Só na última quarta-feira, PMs visitaram 3,2 mil visitas escolas gaúchas.
A partir das informações, foram apreendidos cem menores que portavam armas brancas (facas, canivetes). A maioria deles disse que usava o instrumento para se defender de possíveis ataques na escola.
Pelo sim e pelo não, Feoli recomenda que os pais monitorem os celulares e computadores dos filhos. Melhor prevenir do que remediar, conclui.
É justamente sobre o que fazer nas escolas que ocorre o Painel RBS Segurança nas Escolas — caminhos para a prevenção da violência, que será transmitido ao vivo por GZH e pode ser conferido neste link.