Lula (PT) deve se encontrar com os futuros comandantes das Forças Armadas ainda na tarde desta sexta-feira (9). Fará isso após confirmar o nome do novo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que foi deputado federal por Pernambuco (pelo PTB) e presidiu o Tribunal de Contas da União (TCU).
A escolha de Múcio acalma os ânimos nos quartéis. Ele é considerado um político tradicional, não é de esquerda e, portanto, desperta menos restrições num ambiente conservador e anticomunista como o da caserna brasileira.
O encontro dos novos chefes das Forças Armadas com Lula deve acontecer às 15 horas. Os cotados para assumir são:
Exército: general Julio Cesar de Arruda, atual chefe do Departamento de Engenharia e Construção. É o mais antigo da tropa e sua escolha respeita a tradição de antiguidade como critério para exercer o comando.
Marinha: almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, atual comandante de Operações Navais.
Aeronáutica: tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, atual chefe do estado-maior da Aeronáutica.
O comando do Estado-Maior das Forças Armadas deve ser exercido pelo almirante de esquadra Renato Rodrigues de Aguiar Freire, atual chefe do estado-maior da Marinha. É provável que a chefia do Estado-Maior do Exército continue como está, com o general gaúcho Valério Stumpf.
- As Forças Armadas não foram feitas para fazer política, para ter candidato. São para cuidar do inimigo externo. Da segurança de 215 milhões de brasileiros, das nossas fronteiras e da nossa soberania. Fui presidente durante oito anos e nunca o Exército, a Marinha e a Aeronáutica receberam tanto dinheiro quanto naquela época. Tomei a decisão de comprar avião para mandar ministro sair para uma viagem, não tinha um. O Exército não tinha patrolas, recuperamos o Batalhão de Engenharia - exemplificou Lula.
E tem muita coisa a ser debatida com os militares. A começar pela grande presença deles em cargos gratificados no governo federal. O cálculo é que esse número supere 6 mil. É provável que Lula decida cortar os mais ligados à política e manter, por exemplo, a força-tarefa de militares que ajuda a analisar pedidos de aposentadoria e pensão acumulados na Previdência Social.
Outra questão envolve os colégios militares, menina dos olhos de ouro das Forças Armadas. Para não causar maiores polêmicas, talvez Lula opte por manter as atuais escolas e diminua o ímpeto de novos projetos do gênero.
A previdência dos militares não deve ser modificada. Os investimentos estratégicos devem ser mantidos. E assim seguirá o baile, agora sob nova condução.