O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva decidiu antecipar a escolha do ministro da Defesa e dos comandantes militares após o anúncio de que os atuais titulares das Forças Armadas vão deixar os cargos em dezembro. Lula convidou na segunda-feira o ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro para assumir o comando da Defesa.
Ao fazer o gesto, o presidente eleito ignorou pressão de aliados contra Múcio, que é visto como o "candidato do Forte Apache", uma referência ao quartel-general do Exército. Nos bastidores, dirigentes do PT pediam a Lula que insistisse com o ex-ministro da Defesa Nelson Jobim para que ele voltasse à pasta.
Múcio tem a simpatia da área militar. Foi elogiado até mesmo pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Eleito cinco vezes deputado federal, foi ministro das Relações Institucionais no governo Lula, de 2007 a 2009, e é conhecido por ser um hábil negociador no Congresso. Ao deixar a equipe de Lula, ingressou no TCU, por indicação do petista.
O ex-ministro se aposentou em 2020, aos 72 anos, três antes do prazo para a saída compulsória. O presidente Jair Bolsonaro o convidou para entrar no governo e escolher o cargo.
— Eu sou apaixonado por você, José Múcio. Gosto muito de Vossa Excelência — disse Bolsonaro, em dezembro daquele ano.
Comissão
Ao escolher José Múcio Monteiro como ministro, Lula também decidiu não mais criar a comissão para fazer a transição na Defesa. Caberá ao futuro chefe da pasta discutir os programas para o setor com a equipe.