A implantação de câmeras de monitoramento acopladas ao uniforme de policiais é positiva. Quem diz isso não sou eu, jornalista que comenta a área de segurança, mas o presidente do Tribunal da Justiça Militar de São Paulo, Orlando Eduardo Geraldi.
Ele não é um inimigo da polícia, como algum leitor apressado pode sentenciar. Pelo contrário: é oficial de carreira da PM, hoje designado para atuar no tribunal.
O comentário dele aconteceu após divulgação de estatísticas que apontam queda de 85% na letalidade da PM paulista nos últimos sete meses. Orlando não tem dúvidas em atribuir isso à adoção das câmeras nos uniformes.
Orlando ressalva: é bom inclusive para a defesa dos policiais que são forçados, muitas vezes, a adotar atitudes enérgicas quando agredidos e encurralados. Se não fica, como sempre, a palavra da autoridade contra a dos civis.
Saliento aqui a opinião de um PM de carreira porque acredito: se as câmeras nos uniformes estivessem em uso em todos os policiais que atuam na rua no Rio Grande do Sul, talvez já estivessem esclarecidos episódios como os ferimentos no torcedor do Brasil-PE, hospitalizado em estado grave após jogo e briga com torcedores do São José, em Porto Alegre.
A mãe do rapaz afirma: ele foi torturado por PMs após o fim da briga com torcedores rivais. Ele teria dito isso ao ser atendido por médicos.
A mulher se embasa num vídeo gravado que mostra o filho sendo retirado de um ônibus por soldados do 11º Batalhão de Polícia Militar (da zona norte da Capital). O rapaz apareceu horas depois no Hospital Cristo Redentor, todo machucado, com lesões nos órgãos internos.
O comando da BM tem dúvidas se as lesões no torcedor aconteceram durante a briga ou se foram feitas pelos PMs. Ora, câmeras nos uniformes acelerariam esse esclarecimento. Junto com câmeras de ruas e estabelecimentos comerciais, que já existem. Pensem nisso.