Os colegas Ronaldo Bernardi e Letícia Mendes acompanharam a reforma de uma escola e de um lar de idosos em Charqueadas e mostraram isso em GZH. A novidade é que as obras foram feitas por apenados da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), a segunda maior do Rio Grande do Sul.
Não é a primeira vez que a mão de obra prisional é utilizada para pinturas, conserto de classes e quadros, reformas hidráulicas. A verdade é que muita gente, antes de delinquir, teve alguma profissão. As exceções são os que começam no crime ainda menores de idade – e são muitos. As facções recrutam menores, aliás.
Pois um dos antídotos contra o crime organizado é o trabalho. Que deveria ser bem remunerado, mas quem está no mundo ideal? Na realidade, sair da delinquência é difícil. As tentações da vida fácil no delito são muitas. Os ex-companheiros assediam. Sair dessa roda-viva depende muito da vontade do próprio criminoso. Por isso é importante o Estado estimular atividades produtivas aos detentos. Usar o cérebro e os músculos em algo positivo – afinal, diz o ditado, morada vazia é casa do demo.
Houve tempo em que grande parte dos presos gaúchos tinha origem na agricultura. Daí, a proliferação das colônias penais agrícolas. Com a urbanização acelerada, as prisões começaram a se encher de operários da construção civil, marceneiros, eletricistas e outros ofícios técnicos, para ficar nesses exemplos.
Não duvido que a proliferação de golpes cibernéticos leve legiões de hackers para trás das grades e aí teremos mais um salto tecnológico entre os apenados. Quem sabe se direcionam ao caminho do bem e são usados para criar defesas contra os vírus da internet? Para ensinar o cidadão a não cair em truques de computador?
Parece um sonho de Poliana, né... Mas é preciso preservar algum otimismo. A iniciativa em Charqueadas serve de exemplo. Em alguns casos, a redenção pelo trabalho é possível.