Você conhece alguma empresa que responde a 11 mil ações trabalhistas? Pois esse é o montante de processos respondidos por integrantes da rede de empreendimentos que terceiriza serviços de portaria, vigilância e bilheteria, alvo de uma grande operação das polícias Civil, Federal e Ministério Público Estadual na manhã desta terça-feira (4).
Os empresários na mira da ação policial estão ligados a uma organização, a Job, criada há 30 anos e que se especializou em terceirizar zeladorias, limpeza e vigilância de prédios. Tudo OK, nesses tempos em que os administradores municipais, estaduais e federais mal tem dinheiro para saldar a folha de pagamento do funcionalismo. Sai mais barato para o poder público.
Só que a rede de empresas começou a atrasar salários dos empregados e não honrar contratos firmados com o poder público, como mostrou o Grupo de Investigação da RBS (GDI) em reportagem de 2019. Uma das táticas para driblar credores era fechar uma empresa e abrir outra. Isso retarda os processos judiciais.
Entre os clientes da rede de empresas que é alvo da ação policial estão um órgão do Judiciário, dois bancos estatais, um órgão do Ministério Público Estadual, a Expointer, cinco secretarias estaduais e órgãos de prefeituras de cinco cidades gaúchas. Há suspeita de que todos tenham sido alvo de fraudes ou de quebra de contratos por parte do grupo. Dois dos presos pela Polícia Civil nesta terça são descendentes dos fundadores do grupo. Terão muito a explicar.