A colaboração internacional entre polícias impediu a concretização de um caso grave de extorsão, na fronteira Paraguai-Brasil. O casal de paulistas Matheus Magioca e Julia Venâncio, que viajava a turismo em território paraguaio, foi detido por policiais locais na semana passada e obrigado a viajar até o Brasil para sacar dinheiro. A intenção é que pagassem por sua libertação.
Eles foram abordados em uma barreira policial paraguaia em Colônia Torín, perto de Caaguazú, a cerca de 100 quilômetros de Foz do Iguaçu, no Paraná. Chegavam de uma visita às ruínas jesuíticas do país vizinho. Conforme o relato dos brasileiros, quatro agentes da Polícia Caminera (Rodoviária) disseram que iriam colocar drogas no veículo do casal e prender Julia por prostituição, a menos que lhes entregassem R$ 50 mil. A alegação é que estavam sem documentos válidos (o casal só tinha documentos digitais).
O casal avisou familiares e conseguiu reduzir o valor da extorsão para R$ 25 mil. Os dois passaram a noite na cadeia e, no dia seguinte, os policiais mandaram Julia num táxi a Foz do Iguaçu para sacar dinheiro, enquanto Matheus era mantido no posto policial.
Deu tudo errado para os autores da extorsão, porque na agência bancária o nervosismo de Julia chamou a atenção. Os bancários avisaram a Polícia Civil, que acionou o Comando Tripartite. Esse é um esquema montado por polícias do Paraguai, do Brasil e da Argentina na região de Foz, a chamada Tríplice Fronteira (onde esses três países se encontram). Os brasileiros são representados pela Polícia Federal, que tem contato direto com as polícias nacionais paraguaia e argentina.
E foi assim que os bandidos de farda se deram mal no Paraguai. A PF avisou o Ministério Público, que mobilizou a Polícia Nacional paraguaia, que prendeu os agentes da polícia rodoviária local. O casal saiu ileso da empreitada.
Esse é o perfeito exemplo de como o entrosamento entre as autoridades fronteiriças pode superar barreiras diplomáticas, culturais e linguísticas.