É preocupante o mais recente balanço sobre violência contra idosos no país, divulgado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Os números de agressões, dos mais variados tipos, cresceram ano após ano em uma década. A honrosa exceção foi 2014, mas logo subiu.
Os números foram divulgados a pedido da Fiquem Sabendo, agência de dados independente, dedicada a divulgar estatísticas obtidas com base na Lei de Acesso à Informação (LAI). Conforme o levantamento fornecido pelo ministério, o número de denúncias sobre agressões a idosos saltou de 8,2 mil em 2011 para 23,5 mil em 2012 (186% de aumento), passou para 38,9 mil em 2013, caiu para 27,1 mil em 2014...e desde então sobe anualmente. Em 2019 foram 48,4 mil registros, o maior número em uma década.
Note-se que os registros passam por três governos: Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (sem partido).
Negligência em relação aos velhos é o tipo mais comum de denúncia (79,5% no ano passado), compreensivelmente. Mas existem muitos casos de violência ativa: 23,2% de violência física, 46,2% de violência psicológica, 38,3% de denúncias relacionadas à dilapidação do patrimônio das vítimas – os números somam mais de 100% porque, na maioria das ocasiões, o idoso sofre mais de um tipo de abuso.
E como está o Rio Grande do Sul nesse ranking? Bem, se comparado com outros locais. De cada 100 casos denunciados no Brasil no ano passado, apenas cinco foram em território gaúcho. Essa média está em torno de 5% desde 2011. A título de comparação: São Paulo registra média de 22% dos casos do país, ao longo de uma década, seguido logo depois pelo Rio de Janeiro, com 13% da média de registros.
Falamos com alguns conhecedores do assunto e eles fazem uma ressalva: é possível que o maior número de registros aconteça porque também foram criados mais locais para fazer denúncias. É o caso das Delegacias de Proteção ao Idoso, das Polícias Civis estaduais. Só que, no caso do Rio Grande do Sul, essa não é a explicação. A delegacia especializada existe desde 1994 em Porto Alegre e os números não param de crescer. Tudo indica que o Brasil é um país com milhões de jovens e adultos que negligenciam mesmo com seus parentes idosos.