Sabe submetralhadora? Tem um pente com capacidade para no mínimo 30 projéteis. Sabe a pistola? Algumas, como a Glock 18, tem cadência de 1.200 tiros por minuto, uma velocidade absurda de disparo. Que tal unir as duas propriedades destas armas, barateando o custo e aumentando a letalidade? É o que criminosos brasileiros faziam, até serem descobertos por agentes da PF, que desencadearam na manhã desta quarta-feira (29) a operação Mercado das Armas.
A ação dos federais aconteceu em oito Estados, inclusive no Rio Grande do Sul (em Caxias do Sul). Os policiais desbarataram uma rede de contrabandistas que fazia entrega de armas e munição pelos Correios. O arsenal era comprado no Paraguai e enviado dentro de eletrodomésticos, como aparelhos de som, climatizadores de ar e até panelas. Até aí, nada de muito novo. Como se sabe, o Paraguai é o supermercado das armas para o submundo brasileiro. Não só aquele país. Há dois anos, o Grupo de Investigação da RBS mostrou como o contrabando de armamento do Uruguai e Argentina abastece facções criminosas gaúchas.
A grande novidade é que a quadrilha transformava pistolas em submetralhadoras. Faziam isso com o Kit Roni. É uma espécie de pente circular (semelhante ao usado nas Tommy Gun da quadrilha do Al Capone), acoplável a armas pequenas, que se transformam em submetralhadoras, ao disparar rajadas com velocidade de até 20 tiros por segundo.
Entre os compradores identificados estão assaltantes de carros-fortes e traficantes da maior facção criminosa brasileira. Além de associados a clubes de caça e pesca, informa a PF.
Para quem acha que é brincadeira de playboy, melhor recordar um fato: no final de 2014, vigilantes de um carro-forte foram surpreendidos por quadrilheiros dentro de um supermercado na Rua Fernandes Vieira, bairro Bom Fim, em Porto Alegre. De um lado, os seguranças armados com revólveres e pistolas. Do outro, assaltantes com pistolas metamorfoseadas em submetralhadoras. Mais de 100 disparos foram feitos, um vigilante ficou ferido. Agora se sabe de onde esse tipo de arsenal vem.