Fiz uma reportagem em 1997 sobre caçadores de recompensa. Fui ao Paraguai, com o fotógrafo Luiz Armando Vaz, acompanhar o trabalho das recuperadoras de veículos. Elas estão organizadas em escritórios que contam com advogados, ex-policiais, ex-promotores. E apoio de policiais da ativa.
Diferentemente do Brasil, no Paraguai (e nos Estados Unidos), é lícito receber recompensa para combater o ilícito. E assim segue até hoje. Os recuperadores de veículo trabalham como caçadores de recompensa. Munidos da ocorrência sobre o automóvel ou caminhão roubado, vão atrás dos ladrões e receptadores. E os prendem em flagrante. Os criminosos são entregues às autoridades, os escritórios de busca recebem a recompensa, paga pelas seguradoras. A grande diferença é que eles, por vezes, levam junto os policiais da ativa para fazer a busca.
No Brasil, as recuperadoras de veículos agem com base em informantes, via de regra gente do submundo. Ninguém pode ser pago por prender gente e nem a recuperadora pode levar policiais junto nas suas investigações privadas.
É por isso que a Corregedoria da Polícia Civil desencadeou nesta sexta-feira (22) operação para prender policiais suspeitos de repassar informações a seguradoras de veículos. Mais do que isso, alugavam suas senhas com acesso ao banco de dados da Segurança Pública. Tudo indica que faziam aqui o esquema que vigora no Paraguai. Só que lá isso é legal.