Nada como um pouco de ação para espantar as más notícias que rondam o governo. Após cinco tensos dias de embates internos palacianos, que culminaram com a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (suspeito de alimentar candidaturas-fantasmas do seu partido, o PSL), Brasília e o Brasil acordaram sob impacto de duas grandes operações da Polícia Federal.
Uma delas transcorre na capital federal mesmo e em Pernambuco. É a Operação Fantoche, que investiga um grupo empresarial que teria recebido mais de R$ 400 milhões em esquemas fraudulentos que envolvem o Ministério do Turismo. Detalhe: as transações sob suspeita começaram em 2002 e ocorreram durante governos do PT.
Já em São Paulo foi desencadeada a 60ª fase da Lava-Jato, maior ação anticorrupção da história brasileira. E lá o alvo é um operador do PSDB, Paulo Vieira de Souza, o famoso Paulo Preto, que foi dirigente de estatais durante os governos estaduais tucanos. Ele teria mantido em espécie mais de R$ 130 milhões, entre 2007 e 2017, para irrigar campanhas dos correligionários do PSDB. O político visado nesta operação é o ex-senador Aloysio Nunes (PSDB), que teve domicílios revistados nesta segunda-feira. Até um cartão de crédito em seu nome teria sido emitido a pedido de Paulo Preto.
Aloysio era na época ministro das Relações Exteriores do governo Michel Temer (PMDB). Ou seja, de uma tacada a PF atingiu dois núcleos políticos que disputaram eleições passadas contra o atual governo.
Pode ser só coincidência, lógico. Os policiais são profissionais e fariam a ação de qualquer jeito. Mas é provável que as operações tenham semeado sorrisos no Palácio do Planalto por renovarem o discurso anticorrupção.