O Brasil ganhou nesta segunda-feira (18) o seu oitavo ministro militar, o general da reserva Floriano Peixoto Vieira Neto, ex-comandante militar no Haiti, que chefiava a Missão da ONU durante o maior terremoto da história daquele país. Um homem de muito prestígio nos quartéis, com formação em Administração, acostumado à função que vinha desempenhando como segundo homem na Secretaria-Geral da Presidência.
Mas se engana quem pensa que os militares queriam a saída de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral, confirmada oficialmente nesta segunda-feira, para colocar outro dos seus no ministério. Não. A demissão de um ministro, com pouco mais de um mês de governo, é escândalo malquisto pelos fardados e abala o projeto de um Brasil reformado, contra a corrupção, o discurso pelo qual Jair Bolsonaro se elegeu, com amplo apoio militar. Ainda mais que a suspeita é de que Bebianno tenha enviado centenas de milhares de reais, de fundo partidário do PSL, para candidatas-laranja, que fizeram meia dúzia de votos.
Falamos com dois militares do governo Bolsonaro e com um assessor de um ministro civil. Nenhum deles acredita que Bebianno sabia que as candidatas eram "laranjas". Os três consultados por GaúchaZH confiam na explicação de Bebianno de que mandou o dinheiro porque era um pedido de uma regional do partido, ele apenas teria sido solidário com correligionários que desconhecia.
Tanto militares como alguns civis do governo temem que Bebianno tenha sido vítima de injustiça, num ataque de fúria de Bolsonaro e seus familiares, pautados por antigos ressentimentos e disputas de influência dentro do PSL, o partido do presidente. Não que considerem Bebianno uma sumidade.
À boca pequena, colegas de Floriano Peixoto o tem como mais preparado, tecnicamente, que o ministro que sai. Sem falar no fato de que não é político - o núcleo militar do governo desconfia de políticos profissionais. Eles apenas lamentam que a demissão seja por fatos anteriores à eleição, mas atinja a imagem de um governo que recém-começa.