A fronteira, essa invenção dos humanos existente desde os tempos da Babel bíblica, é desconhecida para os criminosos. Quadrilhas transitam entre os países com desenvoltura. Aliás, se beneficiam da existência de barreiras alfandegárias. É que lucram com o que é proibido - o contrabando, no caso.
Há poucos dias o Grupo de Investigação da RBS (GDI) mostrou como policiais uruguaios forneceram grande parte das armas usadas pelos criminosos da Grande Porto Alegre em suas matanças. A reportagem O Poder das Facções mostrou o caminho das balas, desde a loja onde foram compradas no Uruguai até o corpo de algumas das vítimas, no Rio Grande do Sul.
Pois assim como os bandidos, as polícias aprenderam a se unir. Com informações da Polícia Federal brasileira, agentes da Divisão de Crimes Complexos da Polícia Nacional Uruguaia prenderam, tempos atrás, policiais contrabandistas daquele país. O trabalho segue.
E, semana passada, a Polícia Civil gaúcha rastreou e localizou um dos suspeitos de participar da chacina de cinco pessoas num hotel em Florianópolis, em 5 de julho. Tudo foi antecedido de ampla colaboração com policiais catarinenses.
O homem tinha parentes em Rivera, Uruguai. Cientes disso, policiais civis liderados pela delegada Ana Tarouco monitoraram dia e noite o domicílio onde o suspeito estaria se escondendo. O seguiram até que atravessasse a fronteira para Santana do Livramento, cidade-gêmea de Rivera, onde foi preso. No Uruguai não havia mandado de prisão contra ele, então os policiais esperaram.
Na parceria, os policiais uruguaios da Divisão de Crimes Complexos revistaram a residência do suspeito e coletaram indícios que poderão, talvez, ajudar a elucidar o crime.
Entrosamento é isso, superar barreiras culturais e idiomáticas, em prol do bem comum.