A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Nem tudo saiu como o esperado na COP29 em termos de definições assertivas sobre o enfrentamento à crise ambiental, mas, na fatia que compete ao agronegócio, a percepção é de que a edição em Baku referendou de vez a participação efetiva da agricultura na discussão sobre as mudanças climáticas.
Na avaliação do vice-presidente da Federação da Agricultura (Farsul) e ex-secretário da Agricultura do RS, Domingos Velho Lopes, a conferência encerrada na sexta-feira (22) consolidou a atividade primária brasileira “como parte das soluções na redução das emissões de gases de efeito e estufa”. Lopes participou da edição como um dos representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e compartilhou insights com a coluna direto do Azerbaijão.
O grande trunfo brasileiro, segundo o setor, é a sua agricultura de baixo carbono, um modelo preconizado para o mundo e reconhecido como solução e como sistema produtivo a ser seguido.
— Tivemos a oportunidade de apresentar a agricultura realizada no Brasil e, em especial, no Rio Grande do Sul, porque o Plano ABC nasceu no Estado, e de mostrar os primeiros resultados com reconhecimento internacional — disse Lopes.
Segundo dirigente, o encontro permitiu mostrar que o trabalho feito nas propriedades rurais do país, independentemente do tamanho delas, tem impacto muito menor no inventário de emissões do que as produções de clima temperado no hemisfério norte. Isso consolida a atividade e faz o mundo reconhecer a importância da agricultura de baixo carbono.
Entre os desafios para a próxima COP, na qual o Brasil será anfitrião com sede em Belém, no Pará, Lopes cita o enfrentamento ao desmatamento ilegal e a dissociação da prática criminosa aos modelos de produção realizados nos demais biomas brasileiros. Também ficará o compromisso de reforçar o papel fundamental do país na transição a partir da matriz energética limpa.