As jornalistas Bruna Oliveira e Carolina Pastl colaboram com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
É pelos pés que uma empresa no interior da Amazônia quer fazer o Brasil — e o mundo — vestir a sustentabilidade. Da retomada de seringais à colheita de látex, a Seringô reativou uma pequena cadeia produtiva de borracha natural em Castanhal, no Pará. E, por meio da confecção de sapatos, tem gerado renda a comunidades locais.
De acordo com Francisco Samonek, CEO da Seringô, o negócio surgiu com objetivo de funcionar como um trabalho social em meio à floresta:
— A grande maioria é invisível na Amazônia. São comunidades desconhecidas, que o poder público não consegue chegar.
A marca desenvolve calçados sustentáveis com solados feitos da matéria-prima florestal. Atualmente, a empresa compra cinco toneladas de borracha nativa por mês. Por ela, a empresa paga aos seringueiros um valor cinco vezes maior pelos serviços ambientais.
A Seringô também desenvolve oficinas para que as famílias aprendam a fazer itens de decoração e biojóias com a borracha nativa em suas comunidades. Hoje, 1,5 mil famílias vendem borracha e artesanato à empresa. A maioria, mulheres. Samonek justifica:
— Normalmente, elas eram debulhadeiras de açaí com o marido. O marido vendia o açaí e gastava o dinheiro em coisas que, para o homem, eram mais importantes. Mas, para elas, faltava.
Segundo o CEO, a renda traz independência financeira às mulheres.
*A coluna viajou a convite da Fundação Dom Cabral, durante o Programa Agronegócio Em Perspectiva