A nota com a retratação do CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, coloca, na avaliação do próprio Ministério da Agricultura, um ponto final na polêmica após o boicote anunciado à carne do Mercosul. Ao mesmo tempo, deixa uma mensagem importante: o Brasil está disposto a "brigar" por seu protagonismo no mercado global de carnes.
— Foi uma situação em que o governo brasileiro mostrou que não aceitará inverdades em relação à qualidade, sanidade e sustentabilidade das proteínas e de todos os produtos agropecuários. A gente quis dizer para o CEO do Carrefour que não nos furtaremos em defender os valores e a sanidade de excelência — enfatizou à coluna Luís Rua, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.
Rua acumula mais de 15 anos de experiência no setor privado, tendo ocupado a função de diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) nos últimos cinco anos. O que lhe empresta propriedade para falar de fatos e números das transações globais do setor. A sanidade brasileira é reconhecida por mais de 160 países, destaca o secretário. E é o maior exportador de carne de frango e bovina, sendo o quarto em embarques de carne suína.
Apesar da declaração ter partido do setor privado, a pasta da Agricultura brasileira se posicionou de forma firme, para "defender" o produto do país. Por isso também endossou a decisão de empresas em suspender o fornecimento de carnes às redes do Carrefour localizadas no Brasil.
— O ministro Fávaro (Carlos Fávaro, da Agricultura) endossou porque entende que, de uma maneira ou de outra, o Brasil foi acusado injustamente, colocando em xeque a nossa imagem —completa Rua.
Essa era de fato a maior preocupação: o dano à imagem do Brasil, já que o mercado francês tem pouca representatividade no todo, como publicou a coluna. O secretário relata que, neste ano, não se exportou nenhum quilo de frango e “apenas dois contêineres” de carne bovina.
Mesmo com a retratação, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) comunicou que vai formalizar uma reclamação nos órgãos da União Europeia "para fazer valer a liberdade econômica e a proteção da produção brasileira naquele mercado específico”, explicou o consultor jurídico da entidade, Carlos Bastide Horbach.
— Diante dessa acusação, nos vimos obrigados a buscar nosso escritório em Bruxelas e nosso escritório de advocacia que nos atende lá para entrar com as ações devidas para buscar esclarecimento da verdade — disse em vídeo o presidente da CNA, João Martins.