No quesito repercussão, o boicote anunciado pelo CEO do Carrefour à carne do Mercosul na rede francesa da marca segue dando o que falar. Um dos efeitos mais recentes foi o pedido da embaixada da França por reunião com o ministro da Agricultura do Brasil para tratar do tema. Também houve uma ação de igual reação por parte do setor produtivo, com a recusa em fornecer a proteína às lojas localizadas em território brasileiro.
O maior impacto sobre a medida sinalizada por Alexandre Bompard, CEO do Carrefour, como publicou a coluna, tem sido sobre a imagem. Do ponto de vista comercial, a França não é um mercado representativo para a carne do Brasil. Dados das exportações compilados pela assessoria econômica da Federação da Agricultura do Estado (Farsul) mostram que, em 2023, o país europeu representou 0,01% dos embarques do Grupo Carnes (valor e volume) e 0,05% considerando apenas a carne bovina.
— Não deixa de ser lamentável a situação, mas os números são tímidos mesmo — observa Renan Hein dos Santos, analista de Relações Internacionais da entidade.
Avaliação semelhante a de Alexandre Mendonça de Barros, sócio fundador da MB Agro Consultoria, que esteve nesta segunda (25) na Capital, onde falou sobre as perspectivas da agropecuária brasileira no Prêmio Exportação RS Connects - Almoço da Exportação.
— Fazemos mais comércio hoje com o Vietnã do que com a França — pontuou.
Engenheiro agrônomo e economista, Barros falou sobre a transformação da União Europeia ao longo de três décadas, a partir dos dados referentes a déficits e superávits do comércio mundial de alimentos. De 1990 para 2022, o bloco "deixou de ser compradora líquida para ser exportadora líquida de alimentos".