A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Ainda pouco presente em parreirais do Estado, a uva teroldego ganhou as taças da 32ª Avaliação Nacional de Vinhos. A variedade, engarrafada pela vinícola Don Guerino, de Alto Feliz, no Vale do Caí, foi reconhecida pelo paladar como uma das 16 mais representativas da safra 2024 no país.
De origem italiana, da região de Trento, é cultivada há apenas 20 anos no Estado. Apesar de nova, tem demonstrado “boa adaptação” à região, analisa Ricardo Morari, presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE).
É o que percebe a vinícola Don Guerino — inclusive, em taça.
— A safra 2024, por exemplo, foi um tanto desafiadora. Mas não deixou de ser capaz de fazer grandes vinhos e ganhar pódios — comenta Bruno Motter, enólogo da vinícola de Alto Feliz.
Transformada em bebida, a teroldego apresenta potencial alcoólico, maturação e cor intensa, detalha Morari, que também é enólogo.
Outras duas variedades menos conhecidas do público em geral e destacadas na avaliação são a moscato giallo, base para espumante, e a malvasia de cândia,para vinho branco — são cultivadas desde a década de 80.
Em busca de novidades
A implantação da teroldego no Estado é um exemplo do movimento tradicional do setor de buscar novas variedades de uva de outros países.
— Atualmente, a vitivinicultura tem se transformado em buscas de novas condições, inclusive, de clima — detalha Morari.
No caso da vinícola de Alto Feliz, a ideia de trazer a teroldego, por exemplo, também tem a ver com o objetivo de resgatar a história da família.
— Meu pai implantou a variedade nos nossos vinhedos, porque tem a mesma origem da nossa família, a região de Trento — explica Motter.