Teve felicidade e sabor de persistência nas 16 amostras apresentadas entre as mais representativas da safra na 32ª Avaliação Nacional de Vinhos, realizada no sábado (19) em Bento Gonçalves. Tecnicamente, não são essas as expressões que descrevem as características reconhecidas. É com base em uma análise visual, olfativa e gustativa que os 90 enólogos escolhem os "vencedores". E que podem ser perfeitamente traduzidas pelas sensações e memórias que despertam em quem sorve taça.
— Esse vinho me lembra a persistência do vitivinicultor — comparou a jornalista Sara Bodowsky, uma das comentaristas da avaliação, ao apresentar a amostra 14, um tinto seco produzido com uvas syrah.
Em meio aos 800 apreciadores que participaram da retomada do formato 100% prensencial do evento, após a pandemia, era possível ouvir referências como essa. "Um vinho feliz", descreveu a também jornalista e comentarista da noite, Rosane Marchetti. Eu descreveria um dos meus favoritos da noite como "leve, com um aroma que remetia às flores".
Antes de dar início à apresentação, dirigentes da Associação Brasileira de Enologia (ABE), organizadora da avaliação, falaram sobre as características da produção brasileira, a única com três tipos de viticultura (tropical, tradicional e de inverno). E também sobre as particularidades dessa safra, que no Sul foi marcada pela presença (e os impactos) do El Niño. No volume destinado à industrialização, os 58,8 milhões de quilos colhidos representam uma queda de 41,05% em relação a 2023 e de 32% na comparação com a média dos últimos cinco anos.
Apesar de reduzida em tamanho, a produção segue com os patamares elevados de qualidade, pontuou o presidente da ABE, Ricardo Morari. Sobre a seleção dos 30% mais representativos da safra, e a apresentação dos 16 expoentes em categorias diferentes (veja lista abaixo), de um universo total de 472 amostras, o dirigente resumiu:
— Nesses 16 vinhos iremos encontrar tradição, inovação, tecnologia e, sobretudo, paixão.
A degustação para a escolha das amostras mais representativas é feita às cegas. Neste ano, 68 vinícolas, de sete Estados e do Distrito Federal participaram da avaliação. Entre os escolhidos há vinhos já engarrafados e outros, não.
Ouça entrevista com o presidente da ABE, Ricardo Morari, no Campo e Lavoura da Rádio Gaúcha:
Confira as 16 eleitas entre as amostras da avalição
VINHO BASE ESPUMANTE
1. Riesling Itálico/Pinot Noir/Chardonnay - Chandon Brasil (Garibaldi/RS)
2. Chardonnay/Pinot Noir - Vinícola Geisse (Pinto Bandeira/RS)
VINHO BRANCO NÃO AROMÁTICO
3. Riesling Itálico - Cooperativa Vinícola Garibaldi (Garibaldi/RS)
4. Chardonnay - Cooperativa Vinícola São João (Farroupilha/RS)
VINHO BRANCO AROMÁTICO
5. Moscato Giallo - Vinícola Giacomin (Flores da Cunha/RS)
6. Malvasia de Cândia - Cooperativa Vinícola Aurora (Bento Gonçalves/RS)
VINHO ROSÉ
7. Tannat - Casa Venturini Vinhos e Espumantes (Flores da Cunha/RS)
VINHO TINTO JOVEM
8. Pinot Noir - RAR Indústria e Comércio de Alimentos (Vacaria/RS)
9. Cabernet Franc - Pizzato Vinhas e Vinhos (Bento Gonçalves/RS)
VINHO TINTO SECO
10. Merlot - Vinícola Perini (Farroupilha/RS)
11. Cabernet Sauvignon - Vinhos Don Laurindo (Bento Gonçalves/RS)
12. Cabernet Sauvignon - Vinícola Valmarino (Pinto Bandeira/RS)
13. Teroldego - Vinícola Don Guerino (Alto Feliz/RS)
14. Syrah - Vinícola Casa Soncini (Itaí – SP)
15. Merlot - Miolo Wine Group (Bento Gonçalves/RS)
16. Tannat - Vinícola Campestre (Vacaria/RS)