Os números evidenciam o impacto do tempo sobre a safra 2024 de uvas do Rio Grande do Sul. A redução no volume da fruta destinado à industrialização foi de 41,05% na comparação com o ano passado e de 32% em relação à média dos últimos cinco anos, conforme dados do Sistema de Cadastro Vinícola da Secretaria Estadual da Agricultura.
Esse resultado, no entanto, não tem relação com a catástrofe de maio, quando houve a catástrofe climática, com deslizamentos de terra e a perda de vinhedos. Naquele período, a colheita havia sido concluída. É claro que os produtores foram afetados, com perdas de estrutura da propriedade, casas e um abalo emocional forte, mas foi a situação registrada no final de 2023 que pesou para essa diminuição.
— Houve excesso de chuva no período de tratos culturais, no ano passado, que prejudicou o desenvolvimento. A maçã e a laranja também tiveram redução — explica Luciano Rebelatto, presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado(Conseviti-RS).
O inverno de 2023, com poucas horas de frio, é apontado como outro fator. Apesar do recuo em volume, a qualidade da produção gaúcha se mantém, como observou o presidente da Associação Brasileira de Enologia, Ricardo Morari, na Avaliação Nacional de Vinhos. O abastecimento do mercado também ficou preservado em razão de estoques remanescentes, aponta Rebelatto, que reforça:
— A qualidade vem em uma evolução constante, melhorando a cada ano que passa.
Para a safra 2024/2025, as perspectivas são de resgate da produção, estimada entre 600 e 650 milhões de quilos. O inverno deste ano contribuiu com o frio necessário ao desenvolvimento das videiras.