A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A safra de arroz mal começou no Rio Grande do Sul, e o produtor rural já vive uma corrida contra o tempo por causa da chuva. O excesso de precipitações no final de setembro interrompeu o início do preparo de solo e, consequentemente, da semeadura em diversas regiões gaúchas. Agora, o setor aposta suas fichas no mês de outubro para avançar no cultivo, quando estão previstos períodos secos por mais tempo.
De acordo com o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, todo o esforço é para não se perder, lá na frente, em produtividade:
— Se o produtor conseguir implementar as lavouras em outubro e plantar na primeira quinzena de novembro, a diferença (com relação à produtividade inicialmente estimada) deve ser bastante pequena.
No entanto, a diretora técnica do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Flávia Tomita, entende que ainda "está muito recente":
— Temos o mês inteiro, apesar das pequenas janelas de semeadura, para semear dentro do período ideal.
Outro fator que mantém os produtores em alerta, no entanto, é a proximidade da janela em que se começa a perder volume por hectare: a partir da segunda quinzena de novembro.
— Se atrasar o plantio, atrasa também o período reprodutivo, previsto para janeiro. E luminosidade, que está diretamente relacionada à produtividade do arroz, é maior em janeiro do que em fevereiro — esclarece Velho.
Até o momento, o Estado já semeou 77,6 mil hectares dos 948,3 mil hectares previstos pelo Irga. Apenas os produtores da regional Zona Sul da autarquia não começaram a semeadura ainda.
O Irga não divulgou estimativa, até o momento, de produtividade. Na safra passada, foram colhidas 7,15 milhões de toneladas do cereal.
Chuva atrapalha também carregamento
Segundo colaboradores consultados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, o clima adverso também dificultou o carregamento do cereal e o cumprimento de alguns contratos. No geral, pesquisas do Cepea mostram que o mercado encerrou o mês de setembro com baixa liquidez, contrariando as expectativas iniciais.
Além do clima, os pesquisadores do centro explicam, em nota, que as negociações foram influenciadas pela desvalorização do dólar e pelo menor ritmo nas vendas do arroz beneficiado. Também aumentou a disparidade entre os preços de compra e de venda.
No entanto, o presidente da Federarroz avalia esse cenário como algo momentâneo:
— Toda vez que nós temos um período maior de chuva, de quatro, cinco dias, acaba atrapalhando a questão logística. A maior parte do carregamento do cereal ocorre na rua, e o produtor precisa de tempo bom.