A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O arrancar ainda engasgado das máquinas agrícolas ao longo de 2024 adiciona uma marcha lenta ao setor de máquinas e implementos como um todo no país. Com queda de 25,8% em vendas até agosto, o agro acrescenta influência direta na atividade doméstica mais lenta da indústria, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgados nesta terça-feira (1º).
O desempenho abaixo já era esperado, por uma série de fatores conjunturais, lembra o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão. Uma combinação de seca, preço de commodities em baixa, excesso de oferta de milho e de soja e falta de recursos para investimentos por atrasos do Plano Safra deixaram o produtor mais seletivo na hora de comprar.
— É um ano bastante ruim, tempestade perfeita. Mas é algo conjuntural e não estrutural. Ano que vem podemos ter um ano melhor e normal, principalmente se o clima ajudar — projeta Estevão.
Outro fenômeno listado é que não houve, em 2024, um aumento significativo de área plantada. Ou seja, foi um ano sem mercado em expansão para áreas produtivas na agricultura brasileira.
Os dois produtos que são destaque de produção no segmento, os tratores e as colheitadeiras, acumulam quedas de quase 30% em vendas no ano. As baixas são observadas tanto no mercado interno quanto nas exportações. O balanço das partes faz com que a receita líquida total do segmento agrícola esteja 25,8% inferior em relação ao mesmo período acumulado do ano passado.
Embora o mercado interno ainda patine em relação a patamares anteriores, a avaliação é de que a indústria de máquinas como um todo "anda de lado" em 2024. A receita líquida interna caiu 14,5% sobre o mesmo período de 2023, mas cresceu 12,4% sobre julho. O quadro reflete no nível de emprego e na carteira de pedidos. Em média, o setor acumula até agosto uma carteira de pedidos 11% inferior à observada no ano passado.