A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Responsável pela principal fatia do faturamento da Expointer, a indústria de máquinas agrícolas fechou mais um mês com queda nas vendas em todo o país. Agora, a duas semanas para a 47ª edição da feira, a expectativa do setor é de que o pé no freio nas compras continue — inclusive nos estandes do evento.
De acordo com a vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Ana Helena Andrade, "é uma expectativa moderada":
— Com certeza, existe a necessidade de compra de máquinas, porque muitas foram afetadas nas inundações, outras foram perdidas e outras tiveram de passar por reformas. Mas a retomada econômica no Estado ainda vai levar um tempo.
Presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier concorda:
— Vai ser uma feira mais de retomada do que de vendas expressivas.
Ainda segundo Bier, a esperança do setor se debruça na venda das pequenas máquinas agrícolas. São tecnologias que, na sua avaliação, são possíveis de serem adquiridas com linhas de financiamento do Pronaf Mais Alimentos, que possuem juros "mais razóaveis".
Pedro Estevão, presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), também tem projeção similar:
— Devem ser razoáveis (as vendas). Saíram os recursos do Plano Safra, então, os negócios que estavam esperando por aporte para ocorrer, começam a ser feitos. Mas não serão vendas boas, muito menos excepcionais.
De janeiro a junho, a redução acumulada chegou a 30,5%, com R$ 26,5 bilhões, conforme dados da Abimaq divulgados na quarta-feira (31). Para o ano, a projeção se mantém de queda de 25% nas vendas de máquinas.
Já a Anfavea não tem dados atualizados sobre essa queda. Mas, de janeiro a abril, diz que a desaceleração chegava a 34,9%, com 2 mil unidades comercializadas no período.
Para lembrar
Até a publicação do Plano Safra, falta de recursos, juros considerados altos e preços em baixa de commodities eram fatores que desestimulavam o produtor de ir às compras. Agora, os problemas climáticos se somam aos desestímulos.