A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A enchente que varreu o Rio Grande do Sul em maio deve respingar no desempenho do setor de máquinas agrícolas neste ano. É o que estima a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), durante a divulgação dos dados de abril nesta quarta-feira (29). Inicialmente, a previsão para 2024 era de queda de 15% nas vendas no país — que, no ano passado, fechou com receita de R$ 63,79 bilhões. Agora, com a tragédia no Estado, a expectativa é que a redução chegue a 18%.
Segundo Pedro Estevão, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos da Abimaq, no entanto, o tamanho do efeito ainda é incerto:
— Muita gente perdeu máquina, animais, lavoura. Então, esse desastre tem impacto negativo, sim, nas vendas do ano. Mas o tamanho vai depender muito das iniciativas do governo federal.
No acumulado do ano até abril, as vendas de máquinas agrícolas continuaram com o pé no freio. O valor, que chegou a R$ 16,2 bilhões, é 31,7% menor do que o mesmo período do ano passado.
Ainda assim, Estevão entende que "o pior já passou":
— O segundo semestre deve ser melhor, a segunda safra de milho está indo bem, haverá um novo plano safra a partir de julho que deve trazer juros mais baratos, em torno de 10%, mais recursos, etc.
Antes, juros considerados altos, preços em baixa de commodities e a perspectiva de quebra de safra foram alguns dos fatores que estavam desestimulando o produtor ir às compras. No ano passado, as vendas fecharam com 23,2% de queda, chegando a R$ 63,79 bilhões, segundo a Abimaq.
Com relação ao Rio Grande do Sul, segundo maior setor de máquinas agrícolas no Brasil, o dirigente da Abimaq também lembra que a principal fatia de mercado não foi "tão afetada": as lavouras de soja e de milho, concentradas no norte do Estado. Por isso, na sua avaliação, o setor pode viver um movimento de recompra dos equipamentos danificados pelas águas.