A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Depois de fechar o ano passado com 13,2% de queda, as vendas do setor de máquinas e implementos agrícolas devem seguir com pé no freio em 2024 no Brasil. É o que aponta a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que divulgou nesta quarta-feira (28) o fechamento dos dados de 2023 e uma projeção de mercado para este ano.
Para 2024, a Anfavea estima um ritmo de comercialização 11% menor se comparado com o ano anterior, com 54,3 mil máquinas vendidas. Em janeiro, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) já calculou uma queda de 32,8% na receita, na relação com o mesmo mês de 2023, com R$ 3,2 bilhões faturados.
— Não vai ser um ano bom, ainda que, estruturalmente, a gente continue otimista. Mas a quebra de safra (no Centro-Oeste, em razão da seca) será muito ruim — resume Pedro Estevão Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq.
A indefinição com relação ao financiamento também é outro fator, acrescenta o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite:
— O Brasil vive hoje uma expectativa de redução da taxa Selic, então isso acaba influenciando o momento do produtor trocar de máquina no Brasil. Aquele que depende da linha de financiamento acaba pensando se é o momento de trocar ou não.
Em 2023, o setor encerrou o ano com uma diminuição de 13,2%, com um total de 60,98 mil unidades comercializadas. A principal queda foi nas colheitadeiras de grãos, de 18,5%, com 7,18 mil máquinas vendidas.
Embora tenha ocorrido uma queda e outra está projetada para este ano, o vice-presidente da Anfavea Alexandre de Miranda lembra que a base de comparação é fora de série:
— Houve uma redução bastante grande, mas foi um ano (2023) excelente, se a gente comparar com o histórico dos anos passados. O ano de 2022, por exemplo, foi recorde de vendas de máquinas agrícolas.
De acordo com Leite, "inseguranças naturais que um ano eleitoral traz", taxas consideradas altas de financiamento, preço em queda das commodities e a seca no Centro-Oeste contribuíram para o produtor adiar a renovação da frota e, consequentemente, desenhar o cenário do setor em 2023.