A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Aguardada com expectativa pelo setor produtivo gaúcho, a circular do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com as orientações para concretizar a linha de crédito anunciada na Expointer foi publicada nesta quarta-feira (25). A diretriz, no entanto, carece de detalhes considerados primordiais por entidades, como a taxa de juros.
Uma resolução anterior já havia sinalizado que as taxas seriam de até 10,31%. O percentual depende do spread bancário (diferença entre o juro que os bancos recebem pelos empréstimos e o que pagam para captar o valor desses empréstimos), definido pelas instituições financeiras.
Na segunda-feira (23), foi sancionada a lei que destrava a liberação dos recursos para a linha. Em Esteio, o governo federal anunciou que produtores rurais, cooperativas, cerealistas e fornecedores de insumos poderiam acessar os R$ 15 bilhões em recursos do fundo social para estancar perdas durante a enchente. Mas faltavam as regras de operação.
Agora, a circular diz que a linha entra em vigor no dia 11 de outubro. O documento também define que os pedidos de financiamento poderão ter prazo total de até oito anos.
A indefinição sobre o percentual da taxa de juros a ser paga pelos agricultores, no entanto, ainda preocupa:
— Deu mais um passo, mas é insuficiente para a linha começar a rodar. Precisamos, urgentemente, que haja um entendimento entre os agentes financeiros, o governo e o BNDES para definir juros e como vai se dar a operação para poder levar isso aos produtores — avaliou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos Joel da Silva.
O economista chefe da Federação da Agricultura do RS (Farsul), Antônio da Luz, avalia que a resolução "veio dentro do que se imaginava", mas cita outros dois problemas: o montante de recursos, que tende a ser pouco, e o limite das instituições financeiras com o BNDES, que não foi alterado. As instituições financeiras têm limites para operar linhas do Banco de Desenvolvimento.
— Todos os agentes financeiros pediram que esta linha fosse considerada extra limite, mas isso não foi modificado pelo BNDES. Pode acontecer que tenha dinheiro, mas que os agentes financeiros não tenham capacidade de tomar para repassar aos produtores.