A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A sanção da lei que retoma empréstimos do Pronampe Solidário para atingidos pela enchente no RS, assinada pelo presidente Lula e publicada nesta segunda-feira (23), tem reflexos no setor agropecuário e é o primeiro passo para que se concretizem as medidas de amparo anunciadas ainda durante a Expointer. A avaliação é da produtora e coordenadora do Movimento SOS Agro, Graziele Camargo.
A publicação é essencial para que ocorra o aporte de dinheiro na linha do BNDES destinada ao auxílio. Falta, agora, circular que normatize as regras de operação. Em Esteio, o governo federal sinalizou como condições o prazo máximo de dez anos para pagamento (incluindo até dois anos de carência) e taxa de juros entre 6% e 8,5%.
O setor aguarda que todas as regras sejam publicadas até o fim desta semana. A expectativa é de que a linha sirva de capital de giro para que os produtores consigam pagar dívidas fora dos bancos, já que muitos não puderam colher as safras devido à enchente e ficaram descapitalizados.
Preocupa, no entanto, o andamento dos próximos ciclos:
— Uma coisa é quitar dívidas. Outra é ter recursos para a próxima safra — lembra Graziele.
A demora na concretização dos anúncios traz nervosismo adicional pelos prazos que se apertam. A janela de plantio da soja, por exemplo, abre já nos primeiros dias de outubro. No entanto, para muitos agricultores, não há recursos sequer para comprar insumos.
— Nos preocupa a capacidade de pagamento de cada produtor rural. O agricultor precisa ver se vai conseguir acessar a linha de crédito e se isso não vai impactar para que ele acesse novos recursos para a safra 24/25 — diz Graziele, mencionando a medida que aprovou a desnegativação dos produtores, sem que isso garanta, no entanto, a adimplência para operações futuras.