O levantamento inicial da safra 2024/2025 apresentado pela Emater na Expointer aponta para um cenário de retomada depois de três safras consecutivas sob impacto dos efeitos climáticos — primeiro a estiagem e, por último, a cheia. A colheita de 35,07 milhões de toneladas representa avanço de 16,9% em relação ao ciclo passado. Há perspectiva de crescimento em todas as culturas de verão, com a soja podendo chegar a 21,65 milhões de toneladas, avanço de 18,6% em igual comparação.
Nessa perspectiva otimista, há que se fazer algumas ponderações. Os números, como explica o diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, refletem uma tendência calculada a partir das produtividades médias dos últimos 10 anos. O que significa que ainda não carregam o impacto da catástrofe vivido neste ano no Estado:
— O efeito calamidade se dilui em uma linha retroativa de 10 anos. A gente consegue projetar algo (dos efeitos) mais adiante, quando realizada a colheita.
Outro ponto a ser considerado é o de que as regiões de maior peso na produção gaúcha de grãos, embora afetadas, têm uma severidade de dano menor, em relação a outros locais, como a região dos vales e dos grandes deslizamentos.
O que não quer dizer que a próxima colheita passará incólume aos danos causados pela enxurrada. Um dos pontos de maior atenção é justamente o solo. Á água da cheia levou mais do que porções de terra e nutrientes: limitou o potencial produtivo das lavouras. Os resultados devem ser positivos, como mostram as projeções da Emater, mas poderiam ter um alcance ainda maior.
— O que essa catástrofe tem de diferente é que levou não só a produção, mas a capacidade produtiva — pontua Geomar Corassa, gerente de Pesquisa e Tecnologia da CCGL e coordenador da Rede Técnica Cooperativa (RTC).
A Reconstrução do Solo no Pós-Enchente no Rio Grande do Sul foi tema de debate na Casa da Cotribá, na Expointer. Corassa explicou que os impactos ao solo deverão trazer uma redução de pelo menos 10% do potencial produtivo.