A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Não saiu pela assinatura de um termo, mas a novela envolvendo a importação de arroz chegou ao fim. Pelo menos por ora. Ainda na noite de quarta-feira (3), o governo federal e o setor produtivo firmaram um compromisso para monitoramento de preços e abastecimento do cereal em todo o país.
Inicialmente, a proposta do Planalto era a assinatura de um termo de responsabilidade comum por ambas as partes. No entanto, surgiu a preocupação de que o documento poderia sinalizar temor ao mercado.
Com o compromisso firmado, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ficará responsável por fazer semanalmente um levantamento de preços ao consumidor. Enquanto isso, a Câmara Setorial do Arroz garantirá o abastecimento do cereal via setor produtivo e indústria.
Na avaliação do presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS), Alexandre Velho, o acordo "foi um grande avanço":
— Com a abertura (do governo federal), nós conseguimos conversar tanto com relação a mercado, abastecimento, custo de produção, logística, enfim, tudo o que envolve esse complexo setor.
O presidente da Conab, Edegar Pretto, afirmou que o "diálogo não vem sendo feito só hoje".
— E o nosso acordo é que esse diálogo seja permanente para que a gente, produtores, indústria e governo, onde tiver necessidade, garanta o abastecimento para equilibrar preço para os consumidores — reforçou Pretto.
A possibilidade de um novo leilão, no entanto, não está descartada, acrescentou Pretto. A ideia é ver como funcionará o acordo.
Também participaram da reunião os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira.
Entenda a importação de arroz até agora
- O argumento do governo federal para a criação — e, depois, pela manutenção — de um leilão para importação de arroz era o de preocupação com relação ao abastecimento do mercado interno. O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 70% da produção nacional de arroz e, com a enchente, teve parte da produção afetada
- A valorização dos preços do cereal, depois, também acabou entrando entre os motivos alegados pelo governo federal para manter a compra
- O setor produtivo, por sua vez, garantiu desde o início haver cereal suficiente, afirmando que a medida não era necessária. De acordo com o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de arroz no Estado fechou em 7,08 milhões de toneladas, volume é 2,1% maior do que o colhido na safra passada