
Terceiro maior produtor e exportador de carne de frango entre os Estados brasileiros, o Rio Grande do Sul ainda ostenta as marcas da catástrofe climática no resultado das exportações. Dados divulgados nesta segunda-feira (8) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que os embarques gaúchos tiveram uma redução de 4,7% no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2023.
No país, o volume negociado com o mercado externo, em igual intervalo, também recuou, mas em um percentual menor: 1,6%. A recuperação já começou, mas ainda não atingiu a totalidade, o que é esperado para o segundo semestre, aponta José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav):
— A queda reflete os efeitos dessa queda de produção, mais os reflexos da cautela em relação a possível aumento da carga tributária. O setor está se reorganizando no sentido de recuperar espaço e fechar o ano com as exportações dentro do que exportou no ano passado ou com crescimento de 2% a 3% (que era o estimado para 2024).
Retomada que depende da capacidade das indústrias afetadas de recompor as estruturas de máquinas, de logística, de escoamento. O Vale do Taquari, que responde por uma fatia de 21% da produção avícola do Estado, foi uma das regiões mais afetadas ela catástrofe climática de maio.
— Tudo é um plano de recuperação da avicultura, para voltar a trilhar o que estávamos planejando. Não será por falta de demanda, estamos com pedidos de exportação para a China, para o Oriente Médio — explica Santos.
Considerando apenas junho, houve uma redução de 2,3% em volume e 10,6% em receita, quando comparados com igual mês de 2023. A ABPA destacou, no entanto, que a média mensal do embarques, até o momento, cresceu 0,8%, trazendo uma perspectiva positiva para o ano.
— A oscilação levemente negativa nos embarques comparativos de junho não é suficiente para comprometer o momento positivo vivido pelas exportações de carne de frango. O fato da média do primeiro semestre superar a média geral de 2023, aliada ao fato de que o segundo semestre é, tradicionalmente, o melhor período para as exportações, apontam para novos resultados positivos para o ano de 2024 — afirmou Ricardo Santin, presidente da ABPA.
Embarques da proteína
Junho
- Volume: 435,9 mil toneladas (-2,3%)
- Receita: US$ 793,6 milhões (-10,6%)
De janeiro a junho
- Volume: 2,588 milhões de toneladas (-1,6%)
- Receita: US$ 4,636 bilhões (-10,3%)
- Média mensal: 431,4 mil toneladas (+0,8%)