Foi com uma combinação de agilidade, transparência e segurança que o Brasil e o Rio Grande do Sul conseguiram, em pouco mais de uma semana, reverter efeitos trazidos pela confirmação de um foco da doença de Newcastle. Como o da autossuspensão das exportações determinada pelo Ministério da Agricultura, de forma preventiva. Uma circular publicada na noite de quarta-feira (24) estabelece que a medida passa a valer apenas para a chamada zona de restrição (área no entorno de até 10 quilômetros do caso).
Na prática, significa que o bloqueio aos embarques fica mantido agora apenas para o raio em questão, abrangendo os municípios de Anta Gorda, Doutor Ricardo, Putinga, Ilópolis e Relvado. Da mesma forma, a emergência sanitária segue em vigor apenas para essa área e não mais para todo o território gaúcho.
— O RS estava banido do mercado externo, e isso é muito ruim para o terceiro maior exportador do setor (entre os Estados), que produz com alta qualidade e tem toda uma ramificação na economia. O mais importante agora é recuperar essa condição de exportador — destaca José Eduardo dos Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).
A entidade, que integra a Organização Avícola do RS, havia solicitado, por meio de nota técnica, a revisão dos bloqueios às exportações de todo o Estado, como publicou a coluna.
Restrições a embarques de todo o Brasil e do RS ainda persistem para alguns destinos, em razão dos acordos sanitários bilaterais. Um deles é a China, país asiático que é o maior comprador da carne de frango brasileira — representa uma fatia de 12% do total no país, e entre 5% e 6% no Estado. Com relação ao impacto desse hiato nos resultados do setor, Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), observa:
— É um mercado relevante, que está sendo tratado como todos que têm no protocolo a autossuspensão. Ainda não temos um prognóstico de quando retoma. Mas esse foi um caso isolado, e agimos de forma transparente.
Em projeção feita na última semana, ABPA e Asgav estimavam uma redução de 15% no volume de embarques de aves em razão da suspensão, número que deverá ser revisto.
— Tem algum impacto ainda de produto que foi estocado, mas agora voltamos a buscar um cenário de normalidade (para o Estado) — reforça Santos.
Equipes seguem a campo
Contando com uma plataforma de geoanálise, que permite acompanhamento em tempo real, o Departamento de Defesa e Vigilância Sanitária da Secretaria da Agricultura mantém a mobilização dos servidores a campo, junto com o Ministério da Agricultura e a Brigada Militar.
Nesta quinta-feira (25), as vistorias a propriedades no raio de até 10 quilômetros do foco chegaram a 777, de um total de 870. Também seguem as barreiras, mas agora em seis e não mais oito pontos.
— Essa transparência com que se trata o assunto é importante, algo que ficou reconhecido. Sempre primamos muito por isso — pontua Rosane Collares, diretora do Departamento de Defesa e Vigilância Sanitária Animal da Secretaria Estadual de Agricultura.