A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
A enchente que passou pelo Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF), localizado em Eldorado do Sul, em maio, levou consigo a sua função. Durante dias, transformou o segundo andar do espaço em abrigo para pesquisadores, familiares e animais que ficaram ilhados na cidade. Agora, à medida que a limpeza avança, o local volta a sediar o trabalho feito há 76 anos, de pesquisa e diagnóstico de doenças infecciosas transmitidas por animais. Mas com um significado a mais, na avaliação do diretor substituto, Fernando Sérgio Karam: de resistência.
— São 76 anos completados em 2024 de trabalhos ininterruptos. O instituto já passou por diversas crises sanitárias. Vamos nos recuperar — afirmou à coluna o médico veterinário.
De acordo com Karam, o prejuízo no local deve superar os R$ 2 milhões. Em nota, a Secretaria da Agricultura estima perdas na ordem de R$ 1 milhão. Na área afetada, o térreo, havia escritórios, protocolo para o recebimento das amostras e alguns laboratórios de pesquisa. Cercas, bovinos, equinos, equipamentos, insumos e amostras biológicas também foram perdidos pela enchente.
O local ainda aguarda limpeza. De acordo com o médico veterinário do IPVDF Flávio Silveira, há algumas dificuldades, como a necessidade de contratação de uma empresa de higienização específica. Em nota, a Secretaria Estadual da Agricultura, que abarca o instituto, afirmou que "técnicos já estão trabalhando para verificar e sanar os problemas de infraestrutura e na limpeza especializada".
Enquanto o serviço não chega, servidores subiram estruturas do térreo para o segundo andar para que pelo menos parte do trabalho fosse retomado. É no segundo andar onde estão localizados os principais laboratórios, como o de raiva, virologia e brucelose, que não foram atingidos. Também foi criado um escritório provisório para recebimento de amostras na sede da Secretaria da Agricultura, em Porto Alegre. O atendimento ao público do IPVDF, no entanto, segue suspenso.
Para o vice-presidente do Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Rio Grande do Sul (Sintergs), Danilo Krause, faltam ações do governo do Estado com relação ao Desidério Finamor:
— O Estado não está dando muita importância. Só dá importância (à pesquisa agropecuária) quando acontece a doença.
A enchente no Instituto Desidério Finamor
Nos primeiros dias da enchente, mais de 40 pessoas, entre pesquisadores e familiares, ficaram ilhadas no IPVDfF, em Eldorado do Sul. Mais de 10 animais, entre cães e gatos, também foram abrigados no local.
De acordo com o médico veterinário Flávio Silveira, até o resgate chegar, cada família se abrigou em um laboratório diferente, no segundo andar do instituto. No vídeo, ele conta como foi a experiência.