Um dos maiores símbolos da catástrofe climática vivenciada pelo Rio Grande do Sul, Caramelo não é o único equino retirado das águas por pessoas empenhadas em garantir o resgate desses animais de maior porte. Ainda não existe um levantamento formal de quantos tiveram de ser retirados de pontos alagados.
Neste domingo (19), na ilha de Torotama, em Rio Grande, duas éguas que estavam ilhadas, em uma pequena porção de terra, foram salvas por um grupo de voluntários mobilizados a partir de imagens aéreas registradas pela Marinha, no sábado.
— Para chegar, estava muito complicado, o único acesso era de jet-ski ou de barco — conta o empresário Roger da Silva de Souza, que ajudou no resgate.
A bordo de jet-skis, o grupo se dividiu: parte foi pelo acesso via Laguna dos Patos e outra pelo que seria a via terrestre, mas que estava alagada.
A chuva e o frio foram dois inimigos adicionais a serem vencidos no socorro, que começou por volta de 10h e só terminou perto de 16h. Para conseguir tirar os animais do ponto em que estavam, foram duas etapas. Em parte do caminho, nadaram, conduzidos pelos jet-skis. Cansados, posteriormente seguiram o trajeto “boiando”, com a ajuda de voluntários em um barco. Ao chegar em terra firme, foram logo atendidos por uma médica veterinária.
São profissionais que têm se desdobrado para atender equinos resgatados. Integrante do Comitê de Crise do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-RS), Henrique Noronha esteve em uma dessas frentes e cita os problemas encontrados:
— Observamos problemas respiratórios na primeira fase. Muitos dos cavalos que passaram por um período imersos passaram por quadro de pneumonia, além da desidratação e da desnutrição. Logo depois, os problemas de pele, decorrentes da imersão.
Casos da chamada síndrome de imersão têm sido tratados pelo veterinário Guilherme Machado. A condição causa uma isquemia na pele, que acaba necrosando. De 25 equinos levados à Clínica Guadalupe, em Nova Santa Rita, 15 tiveram internação intensiva.
— Estamos recebendo muita ajuda de gente ligada a pesquisas com células-tronco e também da área de reabilitação e tratamento de feridas extensas de pele — diz.
O apoio chega ainda na forma de alimento (feno e pasto em um primeiro momento) e ração.