A perspectiva de novo recorde na colheita de soja do Rio Grande do Sul ficou para trás. Essa é a única avaliação que pode ser feita agora diante dos eventos climáticos que vêm castigando o Rio Grande do Sul. O tamanho da perda, no entanto, é impossível de ser mensurado com exatidão. Os prejuízos são totais, com lavouras submersas, e parciais, com grãos apodrecidos e germinados, o que significa redução na produtividade. Há ainda o produto que estava em silos, atingidos pelas águas. A Associação dos Produtores de Soja do RS (Aprosoja-RS), que havia revisado o número da colheita, avalia que não seja mais possível chegar à marca.
— Não sei se aquele valor de 20 milhões de toneladas é atingível, porque houve muita perda. Não só nas lavouras que estão embaixo de água. Tem grão que caiu da vagem, e o que não caiu, germinou, que apodreceu — explica Luis Fernando Fucks, primeiro vice-diretor presidente.
Analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque completa que, diante do quadro atual, "naturalmente terá de se fazer cortes" na colheita prevista para o Estado e, consequentemente, para Brasil. A consultoria projetava uma produção recorde de 22,7 milhões de toneladas. Quando a chuva intensa começou, estimava-se 25% da área ainda por colher. Há ainda casos de produto armazenado em silos afetados pelas águas (um montante que ainda não é possível calcular).
— A maior parte dessa área está em risco, estimamos 5 milhões de toneladas. Não quer dizer que será isso (a perda) — explica.
A Emater, no último boletim divulgado, apontava que havia por colher 22% dos 6,68 milhões de hectares cultivados. Essas lavouras estão sujeitas ao impacto das condições atuais do clima. Diretor técnico da Emater, Claudinei Baldissera, também entende que não deve ser possível chegar às 22,24 milhões de toneladas:
—Toda lavoura por colher está em risco. A maior parte das áreas não colhidas está em terras baixas, muito sensíveis à condição de solo. A qualidade do grão que for possível colher deve ser prejudicada.
O diretor técnico faz a ressalva de que é preciso dividir a safra de soja deste ano em duas partes: a que foi colhida antes das cheias e a que será retirada depois. Até então, a produção vinha com um bom resultado.
Outra questão importante de ressaltar: as prováveis perdas são em relação ao que se esperava para esta safra. Vindo de duas estiagens, o RS mantém a perspectiva de colher uma safra maior do que a do ano passado.