A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Enquanto as interrupções de rodovias fundamentais emperram o escoamento da produção gaúcha em meio à enchente, os caminhos por água emergem como rotas prioritárias para a entrada e a saída de produtos no Rio Grande do Sul. Com o avanço das inundações para a região Sul, as atenções passam a se concentrar também sobre o Porto de Rio Grande, principal porteira gaúcha para importações e exportações.
Os impactos na safra de verão e em demais setores do agronegócio ainda estão sendo calculados, mas já se sabe que terão efeitos na movimentação do terminal portuário.
— Vamos enfrentar uma queda na exportação tanto por redução de produto quanto por questão de logística, já que os grãos não conseguem chegar ao porto — afirmou o gerente de planejamento e desenvolvimento da Portos RS, Fernando Estima.
Desde sexta-feira (10), o Porto de Rio Grande funciona como atracadouro principal para o desembarque de ajuda humanitária e força militar em meio à maior catástrofe climática do RS. Enquanto se mantiver a operação, poderá haver rotação nos espaços de celulose, grãos e fertilizantes para acomodar as embarcações de mantimentos, mas nada que comprometa o funcionamento do terminal ou gere fila de espera de navios.
— Estamos fazendo todos os esforços para manter a operação sem parar, porque se tem área da economia que vai precisar é a chegada e a saída de produtos. Não podemos retardar a economia do Rio Grande do Sul — garantiu Estima à coluna.
Professor associado na Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Cristiano Oliveira lembra que os efeitos das enchentes na produção de grãos vão desde a colheita, que ainda não foi concluída, até o transporte dela, com dificuldade de acesso até o porto.
Em artigo, Oliveira frisou que os entraves no escoamento devem prejudicar significativamente a exportação de soja. Embora o porto siga a pleno, bloqueios na BR-116 e na BR-386 impedem a chegada dos produtos ao terminal. Cerca de metade da produção gaúcha do grão é destinada à exportação por meio de Rio Grande.