Os números apresentados na Assembleia Geral da Languiru referentes ao ano de 2023 dão uma dimensão do desafio financeiro a ser enfrentando no caminho da recuperação. A cooperativa, com sede em Teutônia, no Vale do Taquari, fechou o ano passado com perdas, como são nomeados os prejuízos no segmento, de R$ 469 milhões. Na reunião com os associados também foi feita uma retificação sobre os dados de 2022. Auditoria que está em curso apontou que o resultado negativo foi R$ 122 milhões superior, chegando a R$ 245 milhões naquele ano.
O faturamento de 2023 foi de R$ 1,1 bilhão. Com relação ao que mais pesou na conta negativa de 2023, o presidente-liquidante da Languiru, Paulo Birck, explica:
— O que mais impacta é a cifra do custo financeiro, que são R$ 168 milhões, o que representa um pagamento de juro que por dia, é de R$ 462 mil. As tomadas de crédito, principalmente de 2018 a 2022, fizeram com que a cooperativa tivesse esse alto custo do dinheiro, custo financeiro, o que acabou impactando na perda em 2023. E teremos de trabalhar isso com as instituições financeiras, porque inviabiliza qualquer setor produtivo.
O presidente liquidante acrescenta que o restante da cifra foi o resultado operacional negativo, que se dá "muito por causa das operações". Houve uma redução de 50% no faturamento da cooperativa de 2023 em relação a 2022, quando somou R$ 2,7 bilhões.
Em liquidação extrajudicial desde julho do ano passado, a Languiru adotou uma estratégia de enxugamento das operações, buscando ainda parcerias para impedir a parada das atividades nas propriedades de associados.
— Trabalhamos muito mais focados em tentar reorganizar as nossas plantas, porque o campo parando, as plantas parando, aí com certeza é o fim da cooperativa. Agora, se salvo o campo, os produtores, e as plantas voltarem a produzir e gerar resultado, eu tenho uma chance de ali na frente conseguir salvar a cooperativa — entende Birck.
Uma das negociações em andamento é a da aquisição do frigorífico de suínos em Poço das Antas, pela JBS, que terá um aporte total de R$ 200 milhões. Nesta semana, João Campos, CEO da Seara Alimentos, esteve vendo de perto a unidade.