A jornalista Bruna Oliveira colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Em Assembleia Geral realizada nesta terça-feira (18), os associados da Languiru aprovaram a liquidação extrajudicial da cooperativa do Vale do Taquari. O ato oficializa mais um passo da empresa em busca da sua recuperação financeira, agravada nos últimos meses.
O então presidente, Paulo Roberto Birck, foi escolhido como liquidante para conduzir o processo. A partir de agora, os cargos de presidente e vice deixam de existir. Também foi escolhido um conselho fiscal formado por três membros efetivos e outros três suplentes, que irão fiscalizar os próximos passos.
O período de liquidação é de um ano, podendo ser renovado por mais um.
Mais de 300 associados participaram da assembleia geral. Em coletiva de imprensa após a deliberação, Birck reforçou que o novo status garante transparência às ações executadas pela cooperativa. E que o processo de liquidação assegura a continuidade das operações.
— O plano agora é gerar caixa através da venda de ativos para conseguir botar dinheiro e tocar as operações. É a forma mais segura e protegida. Não precisamos temer que a conta vai estar bloqueada ou que um credor virá com uma ordem de arresto — disse Birck, agora ex-presidente e atual liquidante.
A liquidação extrajudicial é um novo capítulo de uma série de movimentos jurídicos feitos pela cooperativa no último mês para buscar a proteção do patrimônio. No início de julho, a Languiru ingressou com uma ação cautelar na Justiça para reverter um bloqueio das contas bancárias. O pedido foi acolhido pelo tribunal gaúcho, e agora se efetiva na liquidação extrajudicial aprovada em assembleia.
— Agora a cooperativa está em liquidação extrajudicial, mas isso não altera em nada as dinâmicas diárias da Languiru, que continua contratando fornecimento e alojamento de animais. A ideia é dar proteção ao patrimônio da cooperativa e segurança jurídica aos negócios — acrescentou Birck.
Fernando Pellenz, advogado que atua na área de agronegócio e autor do processo de liquidação judicial da Cotrijuí, lembra que a aprovação da liquidação não retira a importância de o liquidante prestar contas e de ser transparente no processo. "Não pode ser um cheque em branco", diz:
— É importante que os credores acompanhem o processo de perto, e a própria gestão da liquidação seja o mais transparente possível para evitar que se tenha uma nova Cotrijuí —diz Pellenz, citando o caso da cooperativa gaúcha que teve quebra decretada.
A partir da venda de ativos, os próximos passos incluem a organização de um plano de pagamento junto aos credores, que devem ser reunidos em breve. A expectativa é de levantar ao menos R$ 200 milhões com a venda do frigorífico de suínos. Outros negócios já foram efetivados, como a venda de farmácias e do supermercado no shopping de Lajeado. Postos de gasolina e outros ativos ainda estão em negociação.
A assembleia também aprovou que uma auditoria seja contratada para analisar a conduta da gestão anterior à frente da cooperativa. Conforme Birck, o objetivo é levantar informações contábeis que deem um parecer sobre como a Languiru chegou na atual condição financeira.